terça-feira, 13 de maio de 2014

Mais um aniversário a caminho

Vem aí mais um aniversário! É o 56º!
Como sempre esse dia mexe comigo, faz-me reflectir mais intensamente sobre o caminho percorrido...
Já houve tempos em que era dia de alguma angustia, pois tinha a noção de que estava a desperdiçar o que de mais precioso temos - o tempo. Parecia que estava a perder oportunidades de ser feliz, de viver efectivamente...
O medo de não ter tempo para viver tudo aquilo que desejava, provocava-me ansiedade. Depois veio a fase de ter tempo demais e não ter vontade de viver...
Hoje espero esse dia com mais tranquilidade..
 Nunca o dia de aniversário foi dia de festa. Acho que nunca gostei muito de fazer anos. Também já descobri a razão para esta minha forma de sentir e isso fez-me entender este comportamento tão atípico.
Hoje continuo a não associar essa data a dia de festa, prefiro que seja um dia de introspecção. Poderão pensar que é porque já passei do meio século...
Não é por isso. Presentemente aceito o que os anos fizeram àquilo que sou por fora. Aceito as rugas, as maleitas, os cabelos brancos e as outras coisas que são o reflexo do tempo que tudo muda e transforma... Mas se vos disser que gosto mais de mim hoje do que quando tinha 16 anos, não vos estarei a enganar. Não quer dizer que no auge da adolescência não estivesse melhor que hoje, mas nessa fase não gostava de mim, não gostava do meu corpo, não me valorizava.
Hoje gosto de mim e cada traço no meu rosto, cada cabelo branco terá uma história que eu até posso não saber contar, mas será sempre o resultado de algo que ultrapassei. 
Hoje digo com orgulho a idade que tenho, porque sei que o que sou realmente não tem idade e é imortal. 
Nesta fase da minha vida sinto que tudo flui sem que  tenha que me esforçar para tal. Há muito que deixei de fazer pedidos a Deus ou à Vida e às minhas mãos chega tudo aquilo de que preciso para viver.
Além daquilo que é básico chegam outros tesouros como as amizades que tenho, as pessoas que se cruzam no meu caminho, a alegria reinante no coração da minha família linda e a dádiva de o meu coração se ter mantido aberto aos afectos e à compaixão ou seja ao amor.
O verdadeiro amor é um sentimento único que podemos sentir por um filho, ao contemplar a beleza de uma flor ou de um animal, ao encontrar alguém que precise de ajuda... ao recordar alguém que partiu antes de nós e que era especial...ou por aquelas pessoas com quem nos identificamos.
O meu coração é um reino desse amor, sempre o foi...
Depois há o tal amor que associamos aos pares, aos companheiros, a uma relação a dois... 
Esse estava já excluído do meu caminho. Essa porta estava já fechada no meu coração. Fechou-se já vai para 10 anos... 
Mas a Vida tem coisas que nós não antevemos e faz-nos surpresas inesperadas... 
Assim aconteceu comigo, no meio de um grande número de acasos, sem que eu desse um passo nesse sentido... Sem que me deslocasse para procurar... surgiu alguém...
Foi algo de chegou até mim, que eu entendi ser uma oferta da Vida e que decidi aceitar confiante e de coração aberto. 
Alguém que apesar de ser o meu presente, não ocupa o lugar que para sempre será intocável no meu coração... O amor tem destas coisas... 
Alguém que permite que a minha alegria interior continue a manifestar-se, que me transmite paz e que me mantém feliz. 
Alguém com quem estou, não para fugir à solidão, mas por escolha. Que não me completa, porque eu já sou inteira, mas que me mantém completa.
Alguém que me entende, com quem me identifico e com quem consigo continuar a ser eu.  
Alguém com quem eu posso partilhar os meus momentos, as minhas experiências de vida e do dia-a-dia. 
Alguém a quem admiro pela sensibilidade e pela forma de ser e de estar. 
Este foi o último desafio que a Vida colocou no meu caminho. Aceitei-o porque acredito que nada acontece por acaso e também porque nunca mais quero sentir o arrependimento de não tentar, ficando sempre a dúvida se teria dado certo ou não.

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