quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Comidas de antigamente

Hoje, na Aldeia do Cano, pedi às "minhas meninas" que recordassem as comidas dos seus tempos de juventude.
Aqui fica o registo, bem como algumas curiosidades.

Pratos mais comuns para os jantares (refeição do meio-dia): 

- migas de batata
- jantares de feijão, grão, couve
- açorda
- sopas de batata com toucinho
- sopas fervidas
- sopas de sertã
- papas do caldo da couve
- papas com torresmos
- papas da água dos chouriços
- papas com figos
- papas com sardinhas

Dias de Festa
- mal-assadas  (uma espécie de papas com bocadinhos de carne frita misturada) (de manhã)
- fatias de ovos, carne de vinha d´alhos com café preto(de manhã)

 - jantar de grão com carne, linguiça e arroz ou jantar de couve com carn ede ossos, toucinho, pele e chouriço

Doces: 
- bolo da massa do pão
- Bolo de relão
- Bolo de papas
- Sonhos de papas
- Bolos de torresmos
- Filhós da massa do pão

Curiosidades: 

- Quando alguém matava porco, algumas vizinhas costumavam ir pedir alguma água de cozer os chouriços para fazer papas.

- Naquele tempo a sardinha era o peixe que mais comiam, porque era o mais barato, mas mesmo assim uma sardinha dava para três filhos. Um comia parte da cabeça, outra a parte do meio e outra a do rabo. Esta distribuição era rotativa de modo a que não ficassem sempre com  a mesma parte.

- Quando faziam papas também os filhos queriam sempre raspar o tacho. Quando havia muitos filhos, também este "prémio" ia rodando de filho, para filho. Também o hábito de lamber a colher de madeira com que se mexiam as papas, ia rodando entre os filhos, porque todos queriam lamber o "colherão".
Esta colher servia também para bater nos filhos quando eles se portavam mal.

- Quando comiam sopas de batata com toucinho, este era distribuído da seguinte forma: cada filho recebia uma talhada de toucinho (pico de toucinho). A talhada maior era para o pai. Muitas vezes a mãe nem comia nenhuma para chegar para os filhos.

- Sopa de sertã: Fritavam alho no azeite, depois punham água e quando fervesse deitavam sobre as sopas de pão.

- Sopas fervidas: fritavam o toucinho, depois deitavam água e quando fervesse deitavam as sopas de pão lá para dentro e deixavam ferver tudo.

- Quando comiam carne frita de vinha d´alhos, quase sempre só pelo Natal, cada filho tinha direito a duas talhadas, uma de carne magra e outra de carne gorda. O pai comia três talhadas. A mãe comia como os filhos, quando chegava.

- Às sextas-feiras havia o hábito de "jantarem" comida de azeite, como por exemplo feijão branco com arroz.

- À noite, à ceia costumavam comer sopas de toucinho ou açorda


sábado, 23 de novembro de 2013

O Poder da Natureza

Há já algum tempo que descobri que a  Natureza tem um poder imenso no equilíbrio do meu estado de espírito!
Esta sensação é tão nítida, que basta o menor sinal de que alguma coisa cá dentro se está a desequilibrar  lá vou eu meter-me dentro do fato de treino, calçar uns ténis e sair porta fora a caminho do campo, ou tirar o carro da garagem e seguir em busca do mar. 
Não sei qual dos dois ambientes prefiro, nem sei  se há algum cujos resultados superem os do outro. 
Tanto junto ao mar, como no meio do campo, sinto-me pequena e parte integrante do meio em que me encontro. Sinto que o ar desce e vai até ao fundo, desfazendo aquele novelo que de vez em quando se avoluma no meu peito. 
Quando me vejo sozinha, estico os braços, abro as mãos e sinto como se a Vida me estivesse a oferecer toda a Paz e todo o equilíbrio que me estavam a faltar! 
Depois já com o olhar sereno deleito-me a observar tudo o que me cerca, a escutar todos os sons que chegam até mim, os aromas e fico encantada com tanta beleza que está ali à minha disposição, chegando a emocionar-me.
A pouco e pouco sinto crescer-me uma Alegria imensa que me traz vontade de rir, de cantar, de correr e saltar. Sinto também uma energia e uma coragem imensas para enfrentar todas as situações, para vencer todas as dificuldades. Sinto-me um ser humano abençoado pela Vida e acredito que só coisas boas podem vir ter ao meu caminho. 
Nesses momentos, ainda bem que estou sozinha, porque quem me visse julgaria que tinha enloquecido... Mas a ser assim, seria uma santa loucura, esta que me faz sentir esta indescritível Alegria Interior.






Uso do Tangram com Idosos

Já havia tempo que não passava por aqui!
Não porque tenha estado parada, mas porque tenho tido actividades a mais e o tempo não estica, por muito que eu o desejasse.
Continuo com os meus três grupos, desenvolvendo as actividades habituais e outras que a minha capacidade criativa me vai ajudando a descobrir.
Ultimamente comecei a experimentar um novo material, que também utilizava com os meus alunos - O Tangram.
Para quem não conhece o Tangram compõe-se de7 formas geométricas, com as quais se podem formar um número imenso de figuras, juntando as várias peças. Os esquemas com as figuras são disponibilizados para observação. 
A dificuldade está em escolher as peças correctas e ainda mais em colocá-las na posição adequada.
Os exercícios que se podem realizar com este material implicam o funcionamento do cérebro, a observação e também a destreza manual.
Penso que foi uma boa aposta e tem despertado o interesse das "minhas meninas", onde já foi experimentado.
 Com a repetição dos exercícios, começaram a ganhar gosto pela actividade e motivação para construir novas figuras. 




segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Compromisso com a Vida

Durante anos dava graças quando chegava  a noite, porque ela me trazia  a leve esperança de que o tempo de estar por cá poderia ter chegado ao fim!
Depois cada acordar, trazia-me a triste desilusão de que pelo menos ainda por mais um dia o suplício iria continuar.
Foi assim que vivi, durante mais de três anos, em que os únicos momentos em que me sentia viva, era quando me dava aos outros e me esquecia de mim.
Tive a benesse de trabalhar com crianças e de adorar o que fazia e depois descobri o voluntariado. Estou certa que foram estes os pilares que me sustiveram, além da ideia de que os meus filhos dependiam de mim e eu não podia ser egoísta e simplesmente abandoná-los à sua sorte e fugir antes de tempo. 
Cheguei a sonhar com o dia em que eles deixassem de precisar de mim e eu pudesse viajar sem me sentir culpada... Só pensamentos de quem não está bem...de quem está inconsciente... os filhos precisam sempre dos pais... 
Estou a partilhar estes momentos já distantes, não para que haja lágrimas ou lamentos, mas para que não haja dúvidas que tudo muda, tudo passa, tudo se ajeita...
Depois da primeira grande ajuda que a psicoterapia me forneceu e das ferramentas que ela me deixou, aprendi a descobrir outras fontes para me fortalecer. Chegaram-me às mãos muitas leituras, pessoas, ensinamentos, sem que eu me mexesse para os procurar.
Foi assim que me ergui de vez e que enveredei por um novo caminho.
Nesse caminho que encetei, só desejava encontrar Paz e Alegria de viver
 Depois fui descobrindo que afinal havia também uma outra forma de ser Feliz, um pouco diferente daquela que conhecia. Habituei-me a ela e fui saboreando essa nova forma de Felicidade. 
Continuei a dar-me aos outros, centrando nos seus sorrisos e na sua alegria, esse estado de bem-estar que me fazia saltar o coração no peito e acender luzinhas no olhar.
Apesar de todo o bem-estar que alcancei, e apoiada em tanto que tenho lido e pensado, decidi que não poderia esquecer-me de mim. Havia chegado o tempo de retirar uns momentos para me olhar, para me mimar...
Fiz então um Contrato com a Vida, no qual me propus viver cada momento de acordo com a minha consciência, abraçando o medo, em vez de deixar que ele me anule a coragem. 
Decidi viver, perdoando, não guardando mágoas no coração, tolerando, respeitando, mas não abdicando da liberdade a que tem direito, quem tanto dá de si, sem prejudicar ninguém. 
Sei que a ampulheta da vida a cada dia que passa, vai ficando mais vazia, por isso quero manter o olhar límpido para observar todas as belezas que me cercam, os ouvidos atentos para escutar e o coração leve e puro para continuar  a ter a capacidade de sentir e de amar tudo e todos que me cercam.
Em resumo, este meu Contrato com a Vida é de acolher tudo aquilo que a vida colocar no meu caminho, com  a certeza de que esse é o meu dever e de que tudo fará parte da missão que me trouxe a este mundo.