segunda-feira, 21 de abril de 2014

Poesia


Minha casa é uma flor
Minha rua é um jardim
Meu nome é Maria Barreira
E eu gosto de ser assim

Foi assim que Deus me fez
E minha mãezinha querida
Coitadinha já morreu
E sofeu muito na vida.

Teve sete anos na cama
Mas foi muito bem tratada
Ela às vezes me chamava
Oh senhora empregada.

Minha mãe criou seis filhos
Com saúde e alegria
José, Joaquim e António
Teresa, Fernanda e Maria

Maria Adelaide Cópio - Grupo da Aldeia do Cano

Recordações da Páscoa de antigamente

Versos

Quarta -feira de endoenças
Quinta-feira de paixão
Sábado de aleluia
Domingo de ressurreição (D. Idália)

Costumes:

Na Quarta-Feira de Trevas não se podia torcer a roupa.
Desde o meio-dia de Quinta-Feira  até ao meio-dia de Sexta-Feira não se podia mexer no chão. 
Nesse tempo nem lavavam o chão, nem varriam as casas nestes dias. 
Não se podia comer carne na Sexta-Feira e na Páscoa não se devia comer animais com penas.
 Havia o hábito do jejum. Daí estes versinhos de que se lembrou a D. Maria Guerreira:

Versos

Domingo de Ramos mati um pássaro
Domingo de Lázaro o depeni
E Domingo de Páscoa o almoci

 Em Colos o sino costumava tocar ao meio-dia de Quinta-Feira e as pessoas paravam de trabalhar no campo até ao meio dia de Sexta-Feira. 
A D. Idália contou que uma vez o manajeiro do trabalho onde andava, não as mandava parar com o trabalho e ela disse-lhe que já estavam a "fazer pecado", porque já passava do meio dia. Ele perguntou-lhe como é que ela sabia ao que ela lhe respondeu  que a sombra já estava inclinada, por isso já era mais do que meio dia. Ao meio-dia a sombra estava direita.
Nesta época as pessoas não tinham relógio e orientavam-se pelo Sol. Havia quem tivesse relógios de Sol, que só serviam quando havia sol.


Quadras dedicadas às novas barbeiras do Lar de Colos

Em virtude da senhora que tinha a função da barbeira no lar de Colos, ter deixado de lá exercer funções, este serviço passou a ser desempenhado pelas próprias funcionárias.
Então o Sr Joaquim Silva, um poeta de mão cheia, fez estas quadras para homenagear as ditas funcionárias.

Mote
Muitos parabéns quero dar
A estas novas barbeiras
São muito boas para barbear
Com muito boas maneiras.

São amigas do utente
Tratam-nos com muito jeitinho
Mostram-lhes muito carinho
E muito alegremente
O idoso está contente.
Não há razão de se queixar
Se a coisa assim continuar
A mudança tem bom jeito
Por isso o digo com respeito
Muitos parabéns quero dar.

Esta crise já passou
Meteu medo nessa hora
A barbeira foi-se embora.
Mas a crise terminou
Tudo isto aqui andou
Resolveu-se da melhor maneira
Sem haver grande canseira
Tudo foi remediado
Por isso digo muito obrigado
Às nossas novas barbeiras.

Têm todas bom feitio
Para lidarem com o cliente
Até parece que fazem brio
Da profissão ir para a frente
Agradam a toda a gente
Não se pode clamar
Nem razão para se queixar
Porque não há qualquer razão
Por isso o digo sem presunção
São muito boas a barbear.

As barbeiras são alegres
Muito boas para a profissão
Deviam ter uma condecoração
Durante tempos muito em breve
Têm modos muito alegres
Não há nada de canseiras
Foram estas as primeiras
Que meteram mãos à arte
Ponho tudo aqui de parte
Com muito boas maneiras.

Sr. Joaquim Silva 18-02-2014

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Quem Sou Eu?



Dou por mim muitas vezes a pensar quem sou eu afinal e que missão me trouxe aqui a este mundo.
Recordo a criança feliz e activa que fui e a adolescente complexada, que se encheu de medos, de insegurança, que se sentiu rejeitada e que por isso se deixou contaminar pela necessidade de agradar aos outros, como forma de ser aceite.
Depois, tive a sorte de encontrar quem me apreciasse como eu era, quem  descobrisse em mim qualidades que eu não sabia que tinha, que me fizesse sentir feliz.
Não foi uma relação sem mácula, como nada é perfeito nesta vida, mas dentro de imperfeição normal, foi perfeita. Foi uma relação de entrega, de companheirismo, de partilha, de respeito, de muita amizade, de muito carinho e de muito amor.
Mas como tudo deste lado da vida é efémero, o tempo para estarmos juntos esgotou-se e ficámos separados. Ele partiu mais cedo e eu fiquei vazia, rasgada por dentro e sem vontade de continuar. Durante ANOS, o meu sonho maior era com a minha partida para o lado de lá.
Manteve-me de pé o gosto pelo trabalho que fazia, o começar a dar de mim a quem tinha ainda menos que eu e o não querer ser cobarde e abandonar os meus filhos, quando eles ainda dependiam de mim.
Mas o sofrimento purifica-nos, abre-nos para aquilo que é realmente importante, faz-nos apenas SER, viver de acordo com a nossa essência.
Hoje penso que sempre fui assim como sou hoje, só que deixava-me sufocar pela necessidade de agradar aos outros, de eles apoiarem as minhas atitudes e isso condicionava as minhas decisões.
Mas sempre fui assim!
Aos 16 anos, fazendo valer a minha vontade, fiz a minha grande escolha...
Sempre desvalorizei a parte material, bastando-me o essencial para uma vida digna.
Sempre coloquei à frente o lado de dentro das pessoas em vez do aspecto exterior ou da sua posição social e financeira.
Nunca me deixei contagiar pela intolerância com que se critica e julga decisões alheias.
Hoje sou como sempre fui, mas sinto que subi mais um degrau na escada da evolução.
Deixei de ter medo das minhas escolhas, decisões e atitudes não serem do agrado de outros. Decido como preencher cada minuto do tempo que me é oferecido a cada dia, de forma consciente e de acordo com a minha vontade e com a simplicidade que sempre me caracterizou.
Hoje sinto-me feita de Paz, de Alegria e de Amor e sinto uma vontade imensa de fazer os outros felizes, ou pelo menos aliviar as suas dores.
Hoje amo tudo aquilo que me rodeia, encantando-me com a beleza que se pode descobrir em todo o lado.
Hoje, se tenho algum propósito, é o de me sentir feliz durante o máximo de momentos possíveis e julgo que este deverá ser o propósito de todos os seres humanos.