sexta-feira, 31 de maio de 2013

Dia a Dia

Cada acordar representa um novo recomeço!
Assim que me sinto desperta, dou os bons dias a mim mesma e depois à minha Lia (a minha gatinha), se ela me aparecer no campo de visão.
Todas as manhãs ergo o meu pensamento até aqueles que estão no meu coração, detendo-me mais naquele que devia estar ali a meu lado...
Depois fico um pouco  de olhos fechados e faço algumas afirmações positivas, como por exemplo: Hoje vai ser um dia maravilhoso... tudo vai correr bem comigo e com aqueles que amo... vou ter tudo o que preciso para ter paz e alegria!
Fico então a pensar  no que poderei fazer para que, quando a noite chegar e eu me despedir novamente da vida por umas horas, sentir que aproveitei da melhor forma, todos os momentos que me foram dispensados. 
Quando a noite chega, quase sempre tenho a convicção que foi um bom dia, cheio de momentos com a felicidade possível, esta que tenho agora e dou graças por tê-la descoberto, com a sua nova roupagem, bem diferente daquela que antes conheci, daquela que sempre desejei encontrar.
Não nego que em alguns momentos, teria vontade de trocar esta forma de felicidade por a outra, aquela a que a generalidade das pessoas intitulam de Felicidade... em alguns momentos também eu partilho da ideia que essa é que será a felicidade completa... Mas mal sinto que algo cá dentro começa a doer, recolho-me em mim, respiro bem fundo e em plena consciência digo que agora outro caminho se vislumbra.
Então reconforto-me com a certeza de que nesta rota que sigo, jamais haverá perdas, nem angústias, nem ansiedade. Neste caminho vou comigo mesma, dando da minha alegria, do meu amor, do meu saber sem esperar nada em troca, sem ter ninguém em particular e tendo todos no coração. Não se perde o que não se tem e eu tenho-me apenas a mim, como aliás toda a gente. 
E dia a dia, vou agradecendo tudo o que a vida me der e vou pedindo apenas que me dê lucidez e sabedoria para entender os sinais e não errar o caminho.
Nesta caminhada estarei disposta a levar comigo os que me quiserem seguir e a deixar para trás aqueles que escolherem outros percursos.
De qualquer forma, para todos aqueles com quem de alguma forma me cruzar nesta estrada da vida, haverá um cantinho no coração. Àqueles com quem partilhar momentos de alegria e felicidade, recordá-los-ei sempre com muita ternura e aos outros que com algumas das suas atitudes me façam perder a serenidade e me arrastem para momentos de tristeza, vê-los-ei como desafios para o crescimento e deles não guardarei mágoas.
Mas como felizarda que sou, destes últimos, os que tenho ou vier a ter, serão sempre pouquíssimos.
E depois, para me alegrar o coração, a vida terá ao meu dispôr mil e um presentes que acabarão sempre por me deixar preenchida.


quinta-feira, 30 de maio de 2013

Actividade Semanal (2ª parte)

Hoje desloquei-me à Aldeia do Cano, onde encontrei um maravilhoso grupo de 19 elementos, 16 do sexo feminino e 3 do masculino. 
Foram umas horas bem animadas! 
O 1º tema foi Segurança. Alertei-os para os burlões, os assaltantes, os aliciamentos pelo telefone. Recomendei-lhes que não fornecessem dados nenhuns sobre eles ou familiares.
 Algumas pessoas relataram experiências e situações que tinham passado na televisão. 
De seguida li-lhes 3 Contos Tradicionais Portugueses: "A sopa de Pedra", " Frei João Sem Cuidados" e "O Velho, o Rapaz e o Burro". 
Depois tivemos o Concurso dos Provérbios Populares. 
Para treinar a memória, voltámos a repetir o poema do Ratinho. Quem estava de novo, aprendeu também. Introduzi mais um pequeno poema e no final repetimos os 2. 
Claro que este momento é sempre bem animado, porque os enganos, dão logo origem  a boas gargalhadas.

Galinhas
Três galinhas a cantar
vão p´ro campo passear.
Uma à frente, é a primeira,
logo as outras em carreira.
Vão assim  a passear,
os bichinhos procurar.

Depois houve o momento do Cante Alentejano, em que cantarolámos o "Dá-me uma gotinha d´água", que começou meio murcho, mas em que ao fim das 2 ou 3 vezes, já estávamos afinadíssimos, com toda a gente  a participar.
Tão animados ficámos que até alguém deixou uma sugestão bem arrojada... mas isso a seu tempo se verá...
No final realizámos a Actividade Física, hoje já mais animada pela música, uma vez que a Associação de Moradores adquiriu uma pequena aparelhagem. 
Tendo em conta que neste grupo praticamente todos os elementos estão ainda muito bem, estou a pensar alterar estas aulas e dar-lhes mais movimento, mas isso terá que ser a seu tempo... 
No final realizo com eles sempre alguns exercícios de relaxamento, de forma que, quando terminamos, toda a gente fica tão tranquila... 
Foi uma tarde muito gratificante, com muita alegria, muitas gargalhadas e no final todos me dizem que gostaram , que foi bom, que vão voltar... e eu sinto que o meu coração quase não me cabe no peito... e penso que nesse momento nada me falta...






Actividade Semanal (1ª parte)

Que me perdoem os amigos que gostam de estar a par das minhas actividades, mas como não houve novidades de assinalar, ainda não tinha deixado aqui o relato.
Na Terça-Feira, como é hábito desdobrei-me entre o Centro de Dia e o Lar de Colos.
No Centro de Dia decorreu a aula de Actividade Física, com os exercícios habituais, usando como material de apoio, as garrafas de água. De novidade há a registar a presença de duas novas "alunas", que é sempre motivo de muita alegria.

De tarde, no Lar, fomos variando as actividades entre contos, provérbios, leitura de poesias e memorização de lengalengas e poesias. 
Na 2ª parte, houve o momento de Actividade, que contou com menos participantes que o habitual, porque alguns tinham consulta. Trabalhámos também com garrafas de água.

Fiz uma visitinha ao 1ºandar, desta vez para conversar um pouco com aqueles "meninos", fazendo-lhes perguntas relacionadas com os seus dados pessoais: nome, de onde eram naturais, idade... e  recordando situações recentes que se tinham verificado no próprio dia. 

Quando regressei ao 1ºgrupo, usei o tempo restante para me sentar junto de cada uma delas e falar sobre o que quisessem. 

Como tanto de manhã, como de tarde, não levei máquina fotográfica, não tenho registos actuais, mas vou deixar aqui 2 fotos antigas.








quinta-feira, 23 de maio de 2013

Actividades na Aldeia do Cano

Esta tarde desloquei-me novamente à Aldeia do Cano, para mais uma tarde de actividades.
O grupo hoje era constituído por 15 elementos. As idades variam entre os 62 e os 86 anos.
Integrado no tema Saúde, abordei o subtema Alimentação. Falei-lhes sobre as necessidades alimentares na sua faixa etária, no papel que cada alimento tem no organismo e na importância do pequeno-almoço.   Depois desenvolvi uma actividade lúdica na qual tinham que  identificar alimentos que se enquadravam numa alimentação saudável. Propus-lhes criarmos uma ementa semanal saudável, na próxima sessão.
De seguida introduzi o Jogo dos Provérbios e algumas leituras.
A seguir trabalhámos a memorização de uma poesia, que por ser extensa, foi sendo memorizada por partes. Foi um momento de grande animação, porque os enganos eram sempre motivo de risos saudáveis. 

Poesia

Ratinho 
O ratinho foi ao baile
de cartola e jaquetão,
sapato de bico fino
e um par de luvas na mão.

Encontrou uma ratazana
que dançava no salão.
O ratinho cumprimentou-a
apertando a sua mão. 

Convidou-a para dançar
e ela respondeu que não.
Ratazana estava noiva
e não queria complicação.

O ratinho ficou zangado
sofrendo do coração.
Agarrou na cartola
e retirou-se do salão.

No final realizou-se a Actividade Física. Hoje utilizei os bastões como material de apoio. Para a maioria era a primeira aula, mas no final mostraram-se agradados. 
O tempo voou e quando nos demos conta, estava o transporte a chegar. 
Este projecto está a ser desenvolvido com o apoio da Junta de Freguesia que além de me transportar também transporta os interessados até ao local onde as actividades decorrem. 



terça-feira, 21 de maio de 2013

Actividades do dia 21 de Maio

Mais uma Terça-Feira bem aproveitada!
De manhã ocupei-me a orientar a Actividade Física no Centro de Dia. Hoje tivemos 2 alunos novos, 1 do sexo feminino e outro do masculino. 
Realizámos os exercícios habituais, tendo utilizado os bastões como material de apoio. 
Como sempre tudo correu num ambiente de boa disposição e todos os meus meninos se aguentaram com grande valentia. 
No final acho que a mais cansada era eu, que a exemplificar os exercícios, falar, andar de  um lado para o outro para ajudar quem precisa e a respirar mal, devido a uma valente constipação, fiquei sem grande energia. 

De tarde decorreram as actividades no Lar de Colos.
Estavam um pouco abaladas pela "partida" de um dos seus colegas de casa.
Procurei animá-las com algumas leituras de contos e poesias. Também lhes mostrei uma fotografia do meu Diogo, que desfez o resto da tristeza.
Jogámos ao Jogo dos Provérbios e depois propus-lhes a realização de uns jogos com materiais que eram novidade.
Trata-se de jogos com Blocos Lógicos e com molas coloridas, que se jogam a partir de regras que se vão estabelecendo e cujo nível de dificuldade vai aumentando progressivamente.
Estes exercícios têm como finalidade a exercitação do raciocínio e também criar um ambiente descontraído e alegre.
Trabalhei com eles em grupos e expliquei-lhes a finalidade dos jogos.
A maioria mostrou interesse em participar.

A Actividade Física também decorreu dentro da normalidade, com a sala cheia!
No final ainda treinámos algumas lengalengas e alguns versinhos bem engraçados.
Dado o adiantado da hora e a minha constipação que começou a dar sinais mais fortes, chegou a hora das despedidas e da retirada de cena...

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Cantigas e Danças de Roda

Marujinho

Marujinho de Palmela
viste lá o meu amor?
Vi sim, estava sentado,
à janela do vapor.
À janela do vapor,
à janela do navio.
Vi-o sim, estava sentado,
marujinho ao pé do rio.
Marujinho ao pé do rio,
marujinho à beira-mar
esta noite, toda a noite
bem-disposto a namorar.  (D. Maria Inácia)


Lindo Amor

Lindo amor, havemos de ir
a ver as ondas do mar,
p´ra ver as ondas subir,
p´ra ver as ondas baixar.          (D. Madalena)


As ondas do teu cabelo

Nas ondas do teu cabelo
ando eu a navegar
é p´ra que saibas amor
que há ondas sem ser no mar.    (D Engrácia)

A Laranjinha

Sobe acima a laranjinha
dá mais meia volta ao par.
Ainda tu hás-de ser minha,
nunca mais te hei-de deixar.

Nunca mais te hei-de deixar
essa intenção era a minha.
Dá mais meia volta ao par,
sobe acima  a laranjinha.              (D. Rosa e D. Madalena)

A Laranja

Eu joguei a laranja ao ar
e a laranja subiu, subiu.
Fui falar ao meu amor
e logo a minha mãe ouviu.
Logo a minha mãe ouviu
e depois pôs-se a chorar.
Que ela chore,
que ela não chore
e a laranja vai ao ar.                   (D. Maria Inácia)



Um dia após o outro...

Ontem foi dia do meu aniversário! 
Tinha tudo para ser um dia de alegria, de felicidade...
Tantas demonstrações de carinho, juntamente com tudo o que tenho ao alcance das minhas mãos, dos meus olhos e do meu coração... 
Tudo isso deveria ter bastado para que fosse um Dia Feliz...
Quase todas as mensagens que recebi traziam a tal palavrinha que fazia abrir uma ferida cá dentro - Felicidades...
Dirão os meus amigos: Mas então uma pessoa tão positiva, sempre a pregar a alegria interior e a paz...
Certo que poderia estar aqui a dizer-vos que ontem tinha sido um dia cheio de alegria, felicidade, seria tão fácil... pouquíssimos iriam descobrir que estava  a faltar com a verdade.
Então porque estou a expôr as emoções do dia de ontem?
Claro que não é para que se compadeçam de mim, pois tal não se justificaria.
Partilho convosco o estado de espírito pelo qual passei ontem, para que saibam que até quem está a descobrir o caminho para a positividade da vida, tem os seus dias de fraqueza, em que se sente triste, em que sente que lhe falta algo de tão importante que tudo o que tem fica a ser tão pouco...
Mas apesar de ter sido um dia em que os momentos de tristeza superaram os de bem-estar, descortinei neles um lado positivo - estava consciente das emoções que se revolviam no meu peito, sabia que iam passar e acima de tudo não esqueci que tinha muitas coisas boas na minha vida.
De vez em quando vinha à rua, olhava em volta e sentia que estava no centro de todas as maravilhas do mundo. Sabia que quando toda aquela tristeza se esfumasse, estaria  lá tudo à minha espera, embora algumas folhas estivessem mais crescidas, algumas flores tivessem morrido ou perdido algumas das suas pétalas... Sabia também que estava a deixar escapar algumas horas de vida e imensas oportunidades para apreciar tantas maravilhas...
Hoje mal acordei, olhei para dentro de mim e embora tenha sentido como se um tractor tivesse passado sobre o meu peito, respirei fundo e soube que a maior tempestade já lá ia. 
Quando me levantei, voltei a observar o que me esperava lá fora e soube que, apesar das transformações que a cada momento ocorrem, estava lá tudo. 
Pensei na minha vida e senti que todas as coisas e pessoas tinham voltado ao lugar de sempre e que a única coisa que estava irremediavelmente perdida era o tempo, os tantos momentos que eu desperdiçara a pensar naquilo que me faltava para ser feliz.
Lamentei, mas não me culpei, considerei-o como um dia de pausa e descanso, para retomar a minha caminhada pela estrada da vida, com toda a força, coragem, alegria e muita paz.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Mais um aniversário

Mais um ano de vida que se completou e mais outro que se inicia!
Há 55 anos que vi pela primeira vez a luz do dia, para mais uma vida, aqui deste lado.
Impossível não sentir falta daquele primeiro abraço e daquele primeiro beijo, com que durante tantos anos me vi desperta... mais até que do aroma das flores com que era presenteada... 
O primeiro sentimento que me chega do coração, é de uma imensa e tão dolorosa saudade...
 Não é de agora, mas este dia quase sempre me deixou  meio nostálgica e com vontade de entrar em balanço.
Porém desde há um tempo para cá, deixei de me incriminar por não ter feito aquilo que queria, ou devia, ou como devia...
Aprendi a ser mais condescendente comigo mesma, a aceitar-me com as minhas qualidades, defeitos e inseguranças.
Aprendi a amar-me e a mimar-me da maneira que sei ou posso.
Aprendi a aceitar aquilo que não chega à minha mão, apesar de todo o meu empenho, simplesmente porque não depende de mim e da minha vontade.
Aprendi a reconfortar-me com as belezas da natureza e com o amor que continua  a fervilhar dentro de mim e que posso partilhar com os meus e com tantos outros que dele estão sedentos.
Aprendi a não esquecer que cada minuto é único e que a ideia de que podemos recuperar o tempo perdido, é pura ilusão.
Hoje tenho consciência que o meu tempo para aqui ficar é limitado, pelo que não posso desperdiçá-lo.
Após estes 55 anos de vida, posso ter muitas dúvidas, mas tenho uma certeza inabalável: Quero que no meu coração reine a Paz e a Alegria. 
Quero que o Amor não deixe de brotar do meu interior profundo. 
Quero que os meus lábios não se cansem de sorrir.
 Quero que as minhas mãos não se cansem de se abrir em dádivas de afeto. 
Quero que os meus braços estejam sempre prontos para dar abraços a quem os quiser receber.
 E já agora, porque não, quero continuar a sonhar, mesmo que sejam sonhos pequenos cuja concretização apenas dependa de mim e daquilo que Deus, a Vida ou o Universo me destinarem.
E assim seguirei, de alma limpa de mágoas e rancores, vivendo um dia de cada vez, esta diferente forma de felicidade que acabei de descobrir.
E nos momentos em que isso não me bastar, em que surgir a tentação de desejar  a outra forma de felicidade que já vivi, haverá sempre o céu para olhar, papéis amarelecidos pelo tempo para rever e o baú de todas as recordações que estará sempre dentro de mim. 
Esses serão momentos em que cederei à tentação de acreditar que a felicidade vem de fora para dentro, mas que serão passajeiros... Virá sempre a luz de um novo dia e o Sol acabará sempre por voltar a brilhar no meu coração. 


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Lembranças de cantigas, versos e danças de roda

Cantiga da laranjinha

Sobe acima a laranjinha
dá mais meia volta ao par
ainda tu hás-de ser minha,
nunca mais te hei-de deixar.

(D. Vitalina)

Cantiga da Laranja

Olha a laranja da china,
criada no arvoredo
não te ponhas à esquina
que eu passo e não tenho medo.

Que eu passo e não tenho medo,
Eu passo e medo não tenho.
Criada no arvoredo,
laranja que eu faço empenho.

(D. Ada)

Padeirinha

Bate, bate padeirinha,
bate, bate, bate bem,
As tuas cantigas,
não têm rebate.
Não têm rebate,
rebate não têm,
bate, bate, padeirinha.
Padeirinha, bate bem.

(D. Ada)

Dança de Roda

Rouba, Rouba

Rouba, rouba,
oh ruim ladrão,
rouba agora a moça,
que tens ocasião.

Rouba, rouba.
oh ruim ladrão,
quem não rouba a moça,
fica paspalhão.

Faziam uma roda, de rapazes e raparigas. Um rapaz ficava no meio e enquanto cantavam, ele ia tirando uma rapariga da roda e trocava de lugar com ela, iam continuando a cantar e a trocar, quando a cantiga chegasse ao fim, quem ficasse no meio, era "paspalhão".
Contam que corriam bastante, para que não ficassem "paspalhões".
Devia ser bem divertido, porque apenas por recordar, os risos foram imensos!




sábado, 11 de maio de 2013

Tarde de 10 de Maio no Centro de Dia

Ontem desloquei-me ao Centro de Dia para mais uma tarde de actividades. 
Depois da conversinha individual da praxe, dei-lhes conhecimento de uma obra recentemente adquirida, da responsabilidade de um poeta popular de S. Martinho das Amoreiras, o Sr. Manuel da Silva Graça. A obra é constituída por um elevado número de quadras sobre os mais variadíssimos assuntos relacionados com a vida do autor, com a realidade alentejana e também com assuntos de interesse nacional. 
Li-lhes diversas quadras de que mostraram gostar. 
Depois passei a gravação das cantigas de roda e dos versinhos recolhidos no Lar de Colos. Adoraram! Disseram-me que também conheciam essa cantigas e a partir daí recordaram outras e outros versinhos que recolhi com muita satisfação.
Contaram-me com faziam os bailes de roda e explicaram-me o procedimento de algumas danças, mostrando grande alegria por recordarem momentos da sua juventude. 
Algumas lamentaram-se da idade e dos males e eu como sempre, procurei animá-las e incutir-lhes o pensamento positivo de vivermos um dia de cada vez e aproveitar tudo o que temos à nossa disposição.
Dado o adiantado da hora e a proximidade da hora do lanche, terminámos as actividades, com uma alegre despedida, pois ainda cantámos 1 ou 2 cantiguinhas alentejanas.  
Ontem saí de lá particularmente feliz, porque acho que consegui motivar uma das meninas que se mostrava sempre desinteressada em relação às actividades desenvolvidas. Foi muito gratificante, porque eu vou lá com o objectivo de lhes proporcionar a todas uns momnetos de alegria, não quero de forma alguma tornar-me maçadora, porque para maçada já bastam os problemas que elas carregam. 

(Foto de actividade anterior)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Lembranças que os cheiros trazem...

Hoje mal me levantei e abri a porta do quintal, chegaram até mim múltiplos aromas das plantas floridas da minha horta, do cheiro a terra molhada... Isto acontece diariamente, mas hoje, não sei porquê vi-me imediatamente transportada para outras Primaveras de há muitos anos atrás. 
Nessas Primaveras também havia aromas múltiplos, de flores de jardim, dos canteiros regados e de outras flores pelos campos...
Senti-me adolescente de novo, coração agitado de amor, lado a lado com o meu príncipe, aquele que passados anos virou meu rei e que mesmo tendo partido, continuará sempre a fazer agitar o meu coração, quando as recordações dos momentos partilhados surgem no meu pensamento. 
Como sempre digo, tudo para além da nossa alma é efémero, tudo passa e a vida abre-nos a outros caminhos, a outros sonhos e até à possibilidade da janela do nosso coração voltar a abrir-se, mas se há certeza que tenho, é que o altar-mor do meu peito, está ocupado e tem lugar cativo. 
Mas voltando aos aromas, voltei a ver-nos em pleno Jardim Público de Beja, a fugir aos guardas, para trocarmos um beijo, um abraço, um carinho... Tempos aqueles... 
E voltei a ver-nos passear pelos arredores, vivendo com alegria, o sentimento puro que nos enchia o peito, e que só podia ser manchado pela maldade de quem não sabia o que era a pureza do verdadeiro amor.
Com estes pensamentos a preencherem-me a mente, senti uma saudade imensa desse meu príncipe, desse meu rei, desse meu companheiro de todas as lutas, do meu amigo Maior, daquele que é hoje o meu Amigo de Céu... daquele por quem eu trocaria tudo o que tenho, para o ter aqui, deste lado da vida. 
Mas ao contrário do que pode parecer, foi uma saudade leve, terna e embora tenha aberto a torneira da emoção, creio que as lágrimas eram doces e perfumadas, tal como os perfumes que me povoavam o pensamento e o coração. 
Depois, voltei para casa e abracei-o da forma possível, dizendo-lhe aquilo que sempre lhe digo! Então, respirei fundo  e voltei completamente ao presente, com  a certeza de que ambos estamos bem, cada um na sua dimensão.



 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Actividades do dia 7 de Maio

Na passada Terça-Feira, como é habitual, dinamizei a Actividade Física no Centro de Dia, no período da manhã. Decorreu tudo na maior das normalidades, embora o tempo de exercícios de pé tenham sido alargado um pouco. 
Realizámos depois exercícios usando os bastões, uns já habituais e outro que foi introduzido nesse dia. Certo que não tenho formação específica, mas vim de uma profissão em que frequentemente me socorria da criatividade, para estimular o interesse. Assim, respeitando as capacidades, bem como o esforço exigido,  vou descobrindo alguns exercícios novos que agradam sempre a este grupo fantástico e interessado.


Na parte da tarde as actividades desenrolaram-se no Lar de Colos. 
Depois do período inicial, dos miminhos, começámos pelo Jogo dos Provérbios, que já havia umas semanas não fazíamos, pelo menos de modo tão completo. Correu bem, fora os atropelos, porque aquelas "meninas", desde que saibam, não respeitam a vez. 
Após a leitura de alguns Contos Tradicionais, fizemos outro jogo, para exercitar a memória. Este jogo consistia em encontrar nomes de pessoas, animais, plantas, localidades, a partir de uma determinada letra. Apesar de terem revelado alguma dificuldade, mostraram interesse. Para facilitar formei grupos para encontrarem as respostas. O jogo teve continuidade após a Actividade Física, dado o interesse suscitado.
O período de Actividade Física correu muito bem, com a sala cheia. 
Nota-se perfeitamente um progresso ao nível da resistência física. Apesar de verificar progressos em praticamente todos eles, há um caso particular que me enche de alegria, que é o caso de um amigo, de 56 anos que é quase invisual e sofreu um AVC que o deixou muito limitado a nível de locomoção e movimentação. Segundo tenho conhecimento há um grande empenho por parte de todo o pessoal do Lar, para o encorajar e ele tem uma força de vontade fantástica. Tenho-lhe deixado material para  praticar ao longo da semana e  fico surpreendida com a evolução favorável que lhe noto. 
Este amigo é um exemplo de luta e coragem! Fico muito feliz, por de alguma forma, dentro do meu quase desconhecimento, o estar a ajudar. 
Como o Jogo das Palavras tivesse ficado por concluir, apenas me desloquei ao 1º andar para uma visitinha, pelo que as actividades ficaram para o próximo dia. 
As minhas amigas do Lar andam em grande azáfama com os preparativos para o tradicional mastro de Sto António. 


terça-feira, 7 de maio de 2013

Cantigas de Roda( cont.)


Maria dos Anjos

Onde vais Maria dos Anjos?
Onde vais tu a chorar?
Ai, ai, ai, vou buscar o meu marido,
ai, ai, ai, que está na venda a jogar.
Que está  na venda a jogar
como uma grande bebedeira.
Ai, ai, ai, eu casei pra trabalhar
ai, ai ai, mais valia estar solteira.
Mais valia estar solteira,
lá em  casa do meu pai.
Ai, ai, ai, como uma grande bebedeira,
ai, ai, ai, trabalhar é que não vai.

(D. Rosa, D. Idália e D. Engrácia) 

Rosa 

Oh rosa nunca consintas,
que o cravo te ponha  a mão,
que uma rosa enxovalhada
já não tem aceitação.

(D. Celísia)

Centro, Centro

Vá de centro, centro, centro
vá de centro, centro, meio
agora é que eu vou andar,
com meu amor a passeio.
Com meu amor a passeio,
com meu bem a passear,
vá de centro, centro, meio,
agora é que eu vou andar.

Quando eu disser que é pedra,
tu não digas que é torrão,
um ateima, outro ateima,
dois teimosos não se dão. 

(D. Engrácia e D. Idália)

Lindas canções... lindas melodias! Um dia ainda vamos fazer uma roda e criar um vídeo. Adorei!

Recolha de Cantigas de Roda

O Foguete

O foguete, o foguete vai ao ar
dá um estalo, dá um estalo todo chique
não há moças bonitas e belas
como aquelas da vila de Ourique.

Como aquelas da vila de Ourique,
como aquelas da vila de Garvão,
dá um estalo, dá um estalo todo chique
oh amor dá cá a mão.

(D. Maria Inácia)

O Balão
Eu joguei o balão ao ar,
eu joguei-o deixá-lo ir,
ajuntaram-se as moças todas
para ver o balão subir.

Para ver o balão subir,
para ver o balão baixar.
Eu joguei-o deixá-lo ir,
eu joguei o balão ao ar.

(D. Engrácia e D. Idália)

Andorinha

Andorinha, andar andou,
caiu no laço, logo lá ficou.
Dá-me um abraço, com desembaraço,
que a andorinha nova já caiu no laço.

(D. Idália e D. Joana)

Borboleta Branca

Borboleta branca que se atira ao ar
 Borboleta branca que se atira ao ar
 a menina.... não se quer casar
a menina... não se quer casar.
Não se quer casar, quer morrer donzela,
não se quer casar, quer morrer donzela,
quer levar pr´a cova palmito e capela,
quer levar pr´a cova palmito e capela.
Palmito e capela já não levas não,
palmito e capela já não levas não,
que este rapazinho já te deu a mão.
que este rapazinho já te deu a mão.

(D. Idália)

O Enleio
Oh enleio que te enleaste
no mais alto acipreste
Oh enleio que te enleaste
no mais alto acipreste.
Também eu me enlearia,
se o meu amor cá estivesse.
Também eu me enlearia,
se o meu amor cá estivesse.
Batam palmas, palmas, palmas,
oh amor dá cá a mão.
Batam palmas, palmas palmas,
oh amor dá cá  a mão.
dá-me cá esses teus braços,
amor do meu coração.
Dá-me cá esses teus braços,
amor do meu coração. 

(D. Engrácia e D. Idália)



sexta-feira, 3 de maio de 2013

Tarde de 2 de Maio

Ontem passei uma parte da tarde no Centro de Dia.
Começámos por conversar um pouco acerca das recordações que guardavam do Dia de Maio.
A D Maria Antónia e o Sr João disseram que costumavam ir para a Mandorelha, em família. Levavam um lanchinho (pão, um bocadinho de queijo, ou linguiça). Havia baile a toque de concertina.
Ambos recordaram como nessa altura a Mondorelha era um lindo lugar, com a Fonte de Sto António, a  Casinha das Heras, as moitas de hortencias e muita água a correr. Havia um espaço coberto de vegetação, onde havia mesas e bancos em pedra, onde as famílias podiam comer as suas merendas.
Lamentaram como aquele espaço lindo, agora está completamente destruído. 

A D.  Custódia  recordou-se de um Dia de Maio perto da Barragem de Fonte Serne. Foram de carro de parelha, para ir ao baile, mas quando lá chegaram começou a chover e tiveram que ficar debaixo do carro até a chuva parar.

A D. Ada costumava ir à Mandorelha com a família. Contou-nos também um episódio que se passou num ano em que foi à Barragem de Campilhas. Disse que levou um fogão de campismo e uma moreia para fritar e comerem lá. Quando estava a fritar a moreia, foram algumas pessoas perguntar se era para vender.
Algumas "meninas" não iam porque os pais não as deixavam. 

A D. Ilídia contou que costumava ir à Bica Santa e à Mandorelha. Falou nos bailaricos, primeiro a toque de realejo e depois de concertina. 

A D. Emília falou nas idas à Mandorelha. Diz que o lugar se enchia de gente. Levava o lanchinho da praxe, que não variava das restantes narrativas. Comentou também acerca da animação dos bailaricos. 
Esta amiga foi desencantar mais um relíquia do Cercal - Os Bailes do Picadinho (novidade para mim) ... mas isso fica para a altura da Feira de S. Pedro...

Depois desta recolha li-lhes algumas fábulas e alguns contos tradicionais.
No tempo restante "brincámos" um pouco a fazer lançamentos com uma bola. É sempre motivo de animação e permite que façam alguns movimentos, já que algumas "meninas" não participam na Actividade Física, umas por limitação, outras por  falta de vontade. 


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Caminhando pelo campo

Mais uma vez me apeteceu sentir parte integrante da natureza! 
Está a tornar-se viciante gozar deste  prazer imenso que é caminhar livre pelo campo... 
Nestes meus passeios sinto-me completa,  de alma e corações cheios. 
Há momentos em que calo a mente, fecho o baú das memórias e prendo bem a arreata do meu coração sonhador, porque não quero andar para trás nem para diante. 
Quero somente estar ali, em cada metro de chão que piso e em cada espaço que o meu campo de visão abarca, escutando um a um os sons que os meus ouvidos captam  e cada aroma que o meu olfacto pode sentir. 
Enquanto caminho sinto uma sede imensa de abarcar tudo, mas sei que mesmo que repetisse o itinerário todos os dias, haveria sempre algo que escaparia e também tem a condicionante de que tudo muda momento a momento...
Fica-me  sempre a certeza de que cada minuto da nossa vida é precioso, pois ele jamais se repetirá... e o que não fizermos com ele, nunca mais faremos, pelo menos da mesma forma...
 Por vezes fecho os olhos e fico apenas a ouvir, cheirar e sentir... e nesses momentos sinto tanto o que vem de fora, como o alvoroço que vai cá dentro... 
Começo a contar os diferentes tipos de chilreios a que se juntam os latidos, os balidos... mas acabo por me perder nas contas... por deixar de me importar quantos são. O que importa é senti-los, naquele momento único que jamais se repetirá...
A mistura de sons e aromas faz-me sentir rios de fogo de artifício dentro de peito... e eu sorrio e torno a ser aquela criança de bibe e joelhos esfolados a correr e  a cabreolar pelos campos... 
Quando volto à adulta que sou, muitas vezes pergunto-me se estarei a ficar louca... mas depois volto a sorrir e abençoo aquela alegria interior e pouco me importa se ela será ou não sinal de demência, que a sê-lo será uma santa loucura... 
Louca ou não, abençoo a vida e dou graças por mais este dia que me concedeu, com alimento para o corpo, roupa para me cobrir, olhos para contemplar, ouvidos para escutar...coração para sentir e com capacidade para amar...


(Lamento a foto desactualizada, mas continuo com problemas com o carregamento de fotos)