quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Tarde no Centro de Dia

Esta tarde estive no Centro de Dia!
Levei para ler várias poesias, bem como a história de vida de um amigo do Lar de Colos - O Sr. Joaquim Silva, que já vai a caminho dos 93 anos e mostra ainda grandes capacidades.
Adoraram ouvir as quadras do Sr. Joaquim e eu também.
Depois li-lhes alguns Contos Tradicionais Portugueses e algumas Fábulas.
Como tema de conversa propus-lhes que se recordassem de mezinhas caseiras, orações e benzeduras.
Assim de repente, não veio grande coisa à memória, mas ficaram de pensar.
Entretanto lembrei-me de lhes falar da Benzedura do "Mau Olhado" e aí algumas meninas começaram a falar sobre o assunto.
Para quem desconhece, quando alguém fica com dor de cabeça e um mau estar súbito, costumam dizer que foi "mau olhado". Dizem as nossas meninas que pode ser causado pelo Sol, ou pela Lua, por algum animal: sapo, lagarto...( quando trabalhavam no campo) ou por alguma pessoa que olhe com "maus olhos".
Eu, por acaso também aprendi essa benzedura com a minha mãe, mas descobri que há mais do que uma versão e também há procedimentos diferentes. 
Recolhi alguns testemunhos a que juntarei os que apurar em Colos e futuramente publicá-los-ei.
Como creio que vou recolher diverso material,  vou juntar  outro que já tenho em meu poder, resultado de um trabalho realizado há anos, com a colaboração de familiares e vizinhos idosos dos alunos das já extintas escolas do meio rural da freguesia do Cercal.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Lembranças da D. Idália

Adivinha:

Qual a diferença entre o médico e a água?
É que o médico, se cura, não mata e a água mata a secura!


História Verídica 

Havia uma rapariga surda, que tinha começado a namorar havia pouco tempo e não queria que o namorado descobrisse o seu defeito. Um dia vinha com uma amiga e ao ver vir o namorado ao longe, disse à amiga que já sabia o que o namorado lhe ia perguntar onde ia.
Quando o namorado chegou mais perto, disse-lhe:
- Adeus!
- Vou à quinta 
- Adeus!
- Vou buscar laranjas!
-Ora bolas!
- Hão-de ser para quem? Para a minha avó que está doente!

Se o namoro se acabou logo ali ou não, a D. Idália não contou...




Tarde no Lar - 2ª Parte

Ontem, não sei se era de saudades, mas as minhas meninas lembraram-se de várias coisas para me contar e eu gosto tanto... 
Outro dia deixarei aqui o registo.
A primeira parte, depois dos miminhos da chegada, foram dedicados às lembranças das minhas amigas e aos contos tradicionais de que elas gostam imenso. Seleccionei alguns que achei mais engraçados, do livro "Os Mais Belos Contos da Tradição Oral Portuguesa" da Colecção Retalhos. 
Na segunda parte, foi o tempo para a Actividade Física, que se realiza desde há umas semanas em grupo alargado. 
Pela primeira vez trabalhámos com os bastões e com uma ajudinha minha e da animadora, correu muito bem. 
É gratificante ver a disposição com que ficam durante a realização dos exercícios! Não há cansaço!  Rimos e brincamos!






De seguida demos continuidade à actividade no 1ºandar. 
Fiquei triste, porque encontrei o Sr. Armando muito debilitado. Este amigo cativou-me pela alegria que lhe lia no rosto aquando do Jogo dos Provérbios. Todos os seus condicionalismos pareciam esfumar-se, sempre que era o primeiro  a completar o provérbio... O seu sorriso fazia-me apertar o coração... Ontem, mesmo abatido, quis participar. 
Já tenho referido que naquele piso, não é fácil gerir as limitações daqueles amigos, mas eu não desisto e cada movimento que lhes arranco, é uma batalha ganha. Realizámos exercícios mais ligeiros, com bolas e durante um período de tempo mais curto. 
No final regressei ao grupo inicial, que ao fim da tarde fica sempre maior e li mais uns contos, treinámos a memorização de mais uns versinhos e cantámos uma Rapsódia.
Quem já descobri que gosta muito de cantar é o António Manuel, que até me ensinou uma canção que tinha aprendido em Odemira. 
A partir desta motivação, fiz um acordo com este amigo, de no próximo dia participar na Actividade Física. Vamos ver se ele cumpre...
Recebi ainda para ler, um conjunto de poesias do Sr. Joaquim que também me autorizou a publicar as que quisesse. 
Devo acrescentar que é com imenso gosto que partilho com todos os familiares o endereço deste blog, bem como da minha pág do Facebook, de forma a que haja conhecimento das actividades desenvolvidas.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Actividades de Voluntariado - 1ª parte

Hoje regressei às minhas lides de voluntariado, após uma pausa meio forçada!
Já estava com saudades!
De manhã, como habitual, foi a Atividade Física no Centro de Dia. Hoje o grupinho estava menor, mas como eu digo sempre, as que vão são sempre as melhores e o melhor, pois continuo sem conseguir convencer mais nenhum elemento masculino...
Trabalhámos com bastões e incluí alguns exercícios novos.
Por vezes fico com a sensação que estão cansados, porque ficam muito caladinhos, mas quando lhes pergunto, a resposta é sempre a mesma: Então, estamos com a atenção...
Fico contente porque a cada semana, dou-me conta de que a resistência vai aumentando.
Hoje não fiz registo fotográfico, por esquecimento...

De tarde rumei  a Colos, onde encontrei os meus meninos todos bem dispostos, pelo menos os dos pisos inferiores.
Entrei dizendo que hoje não havia beijinhos, porque ainda estava um pouco constipada e isso deu logo mote a 3 quadras:

Não dou beijos a ninguém,
que eu não quero ser beijada.
Abraços também não dou,
que não quero ser apertada.
(D. Idália)

Um abraço não é nada
e um beijo que gosto tem?
São duas provas d´amor
que se dá a quem se quer bem.
(D. Maria Guerreira)

Um beijo é tão saboroso!
Quem ainda não sentiu?
É uma troca de micróbios,
isso ainda ninguém viu!
(D. Idália)

Antes de começar a leitura dos contos, a D. Maria Guerreira ainda nos relatou uma situação que ocorreu no seu tempo de juventude:
Pelo baile de S. João, um rapaz de nome Antonito terá segurado na mão da menina Maria da Conceição, assim com mais força do que devia e ela foi-se queixar às amigas dizendo que ele lhe tinha "desmanchado uma junta".
Pelo S. Pedro voltaram a encontrar-se num baile e o tal Antonito, a quem já haviam contado a história da "junta desmanchada", cantou-lhe assim:

Menina Maria da Conceição
queria-lhe fazer uma pergunta:
- Do aperto de S. João,
se está melhor da sua junta.

O relato das restantes actividades publicarei mais tarde, para não tornar o texto demasiado extenso. 


Ser Feliz

Desde a infância e depois na adolescência que o meu sonho era o de todos - Ser Feliz!
Só que tanto nesse tempo, como ao longo das décadas que se seguiram, o meu conceito de felicidade era o de ter alguém a meu lado que me amasse, alguém que me desse um abraço nos  momentos de fragilidade, alguém que me protegesse, me desse a mão e me ajudasse a carregar os fardos que a vida colocasse no meu caminho. 
Se alcançasse isso, certamente seria Feliz! E fui Feliz, muito feliz, porque tive tudo aquilo a que almejei.
Mas um dia, como que por artes demoníacas., segundo julguei na altura, tudo se eclipsou... Foi-se a protecção, foram-se as mãos que me seguravam e os braços que me abraçavam...
A partir desse momento desapareceu o sonho de ser Feliz! A esse sobrepôs-se outro, o de continuar viva, sim viva, porque o de continuar a viver só chegou bem mais tarde. 
Quando me senti pronta para pensar em continuar a viver, sempre me questionava em como seria viver sem ser Feliz? Como poderia ser Feliz assim... sozinha... sem apoio... sem carinho... sem protecção... 
Seria que valeria a pena manter-me viva sem viver, ou viver sem ser Feliz?
Um dia, que não sei qual foi, descobri a solução para o problema! A solução seria reformular o conceito sobre Felicidade. 
Desde então, sem procurar, têm vindo ter até mim capacidades antes desconhecidas, que me têm feito captar o belo no meio da simplicidade, que me deixam encantada e acalmam a minha mente.
A tal fonte de carinho que julgava perdida para sempre, renova-se sempre que mãos gastas pelo tempo seguram as minhas, que olhos que encontrei baços, ganham luminosidade e que lábios que viviam cerrados, se abrem em sorrisos inocentes. Tudo isto garante  que dentro de cada um de nós, há uma criança que eternamente estará pronta para brincar, para sorrir e rir... basta-lhe chamá-la, dar-lhe a mão, mimá-la...
Hoje, neste Agora em que a vida acontece,  posso dizer - Sou Feliz!
Pela nova fórmula que descobri da Felicidade, posso dizer - Sou Feliz! 
Tenho as belezas da terra e do céu, o amor daqueles que vieram de mim, de todos os outros que me fazem saltitar o coração no peito, pelo carinho que me demonstram e pela alegria e  emoção que tantas vezes me lava o olhar, pelos meus "meninos de cabelos brancos", aqueles que me dão mais do que aquilo que eu lhes dou de mim!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Tarde em Colos

Na passada quarta-feira dediquei-me às atividades no Lar de Colos.
Fui encontrar as minhas meninas muito tristes, porque uma das companheiras tinha partido... Acabámos por falar um pouco nesse tema que não é fácil para quase ninguém e em especial naquelas idades - a morte.
Consegui dar a volta à situação e acabámos falando da nossa amiga, das coisas engraçadas que ela fazia e dizia e no final da tarde, eu não estava a querer impôr a despedida habitual através das cantigas, mas houve alguém que o propôs, como forma de homenagem à D. Beatriz, que levava o tempo a cantar. Todas cantaram, fazendo questão de cantar a cantiga de que ela mais gostava - Oh Rita Arredonda a Saia.
Houve leitura de contos tradicionais, repetição de lengalengas e poesias. e a memorização de novos versos, os mesmos que trabalhei no Centro de Dia.
A seguir ao lanche, houve o período de Atividade Física, com os meninos todos a quererem safar-se, mas ainda lá ficaram alguns.
 Como lhes disse, só ficam os bons!
 Há lá um amigo, que diz sempre que fica só para ver, mas a dada altura começa a fazer os exercícios. 
Esta mudança permite que todos tenham oportunidade de usufruir da atividade, já que se tornava difícil repetir os exercícios grupo a grupo. Teria que haver três sessões, o que acabava por roubar tempo para as restantes atividades. 
Desta forma, só as pessoas com mais limitações, realizam a atividade à parte, já que os exercícios também são diferentes.

Grupo alargado





Grupo do 1ºAndar

São lindos, os meus atletas! Alguns, mesmo bastante limitados, têm muita força de vontade e esforçam-se por fazer o melhor que podem.

Tarde no Centro de Dia

Como não dou  muito valor ao Carnaval, fui passar a tarde desse dia, com  as "minhas meninas" do Centro de Dia.
Como habitual, conversei um bocadinho com cada uma, porque aquelas meninas são muito ciumentas e então há ter um certo cuidado em relação a isso... 
Comecei por lhes contar as atividades que tenho desenvolvido em Colos, com alguns pormenores, como elas gostam.
Depois li-lhes vários contos tradicionais que elas foram comentando e completando lacunas, para trabalhar a atenção e a memorização.
Seguiu-se a repetição de versos e lengalengas e a decoração de uns versinhos novos, que passo a transcrever.

Três Galinhas

Três galinhas a cantar,
vão p´ro campo passear.
Uma à frente, é a primeira,
logo as outras em carreira.
Vão assim a passear,
os bichinhos procurar. 

Houve ainda tempo para uma reportagem fotográfica... 




Só gente linda! 

E então a nossa menina, quase centenária... falta pouco, só 2 meses e poucos dias... Está linda, com um sentido apuradíssimo... Só se queixa das pernas... (ai, as minhas pernas... se não fosse isso, andava bem)  Outras vezes (ai, canso-me tanto... antes não era assim... ) Eu digo-lhe: Cansa-se? Não me diga! Porque será? - Depois rimo-nos as duas... Um amor a D. Custódia!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Mensagem de Amor



Há 4 anos, neste mesmo dia, senti necessidade de verbalizar uma mensagem ao meu eterno namorado. Depois de tê-la enviado da forma possível, guardei-a, como guardo todas as que lhe tenho dedicado ao longo destes 8 anos. 
Hoje quis partilhá-la, para demonstrar que o verdadeiro amor, é eterno, pode transformar-se, mas nunca termina...

No Dia dos Namorados quis presentear-te com algo especial. Algo feito de nós e da força colossal que nos juntou e que mesmo entre dimensões distantes, continua a manter acesa a chama do nosso imenso amor, hoje de uma forma espiritual.
   Como a viagem ia ser longa, o material teria que ser resistente, tal como o sentimento que nos ligava, que se agigantava face às intempéries da vida. Para tal busquei uma caixa de papelão bem forte e moldei-a usando como forma este coração que continua a pulsar por ti.
   Depois enchi-a de confeitos feitos da grande e doce ternura que continuas a inspirar-me.
   De seguida embrulhei o meu presente em papel de um brilho esplendoroso, tal qual a luz que ainda me chega de ti e que mantém iluminados os meus caminhos.
   Finalmente decorei-o com um grande laço de fita vermelha, que me traz ao sentido os inolvidáveis momentos de paixão que partilhámos lado a lado.
    Depois de pronto o meu presente, coloquei-o no bico de uma pomba branca, que esculpi a partir da paz e da serenidade que finalmente alcancei, para aceitar os desafios que se me oferecerem ao longo do caminho que me ficou para seguir sem ti.
     De olhos rasos de emoção fiquei a vê-lo seguir pelos céus, imaginando-te sorrisos feitos de lágrimas emocionadas, quando ele chegar às tuas mãos feitas de luz.

Texto escrito em 14-02-09

Brindar ao Amor

Hoje, Dia de S. Valentim, é dia de erguer a taça da vida e BRINDAR AO AMOR!
Dia dos Namorados, dia do Amor vivido a dois!
Linda é a fase do namoro! Fase de descobertas... tempo em que as pequenas coisas ficam grandes... tempo em que tudo é urgente...
Mas bom mesmo é quando se consegue que esta fase de encantamento perdure para lá do namoro, ou devo dizer antes, que o namoro perdure para lá do casamento, para lá dos anos, para lá do tempo... que resista às intempéries da vida e a relação se fortaleça.
Eu, como sempre fui uma sonhadora nata, esse era o meu sonho maior!
Desejei tanto que a vida a dois fosse um eterno namoro... e quando se deseja com muita força, o sonho vira realidade.
Como se consegue? Amando! Amando tanto, que o outro se rende ao maravilhoso que é viver dia a dia o Amor a dois. Não deixando morrer a chama que nos turva a vista, quando os olhos se encontram, amando em liberdade sem posse e vivendo a dois, como se de apenas um se tratasse.
Este é o segredo para que o namoro vá para além do tempo.
Neste dia em que todos falam de Amor, não quis deixar de o fazer também, porque se há coisa de que eu sei é de Amor.
Esse sentimento que vem da alma e por isso não escolhe idade, nem obedece a preconceitos. Esse sentimento que pode nascer de um cruzamento de olhares, ou simplesmente através da descoberta do outro pela leitura de palavras ditadas pela alma, como sucedeu comigo.
O poder de amar é ilimitado e quem tem acesso ao seu interior profundo, tem a capacidade de permitir que aí coabitem mais do que um amor ao longo da sua vida, muitos até, de todos os tipos, sem que nenhum deles interfira com os outros, sem que nenhum deles fique esquecido, ou se torne menor.
Grande é a nossa alma e o nosso coração, que nos permitem amar incondicionalmente, bem como poderoso é o Amor.
Por tudo isto, ergamos todos bem alto a taça da vida e BRINDEMOS AO AMOR!
VIVA O AMOR!


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Como se brincava ao Carnaval

Nos últimos dias de atividades, sondei as minhas meninas acerca de como se divertiam no Carnaval. 
Falaram-me dos bonecos que faziam com bocados de troncos, que vestiam e levavam com elas quando se mascaravam com roupas das avós ou de vizinhas já velhotas
. Uma amiga falou-me que costumava fazer um boneco com o travesseiro, depois metia-o na cama, com a cara tapada, acendia velas à volta da cama e ia chamar as amigas para irem ao quarto. Elas assustavam-se porque pensavam que era um morto. 
Do que mais me falaram foi dos presentes!
Arranjavam caixas de fósforos ou outras um pouco maiores e punham lá dentro bichos vivos: lagartixas, ratos, rãs ou sapos pequenos, gafanhotos...depois embrulhavam a caixa, atavam com uma tira de trapo e faziam um laço. Estes presentes eram mandados às amigas, que ao abrirem o presente se assustavam quando o bicho saltava. Às vezes apanhavam o bicho e devolviam o presente, noutro embrulho.
Também havia quem pusesse pedras a aquecer nas brasas da lareira, depois as embrulhasse num trapo para não se queimar e fosse atirá-las pelo postigo das vizinhas, ou quem guardasse os cacos da louça ou quartas de barro que se tivessem partido e fosse deitar os cacos para a porta das vizinhas. Chamavam-lhe "uma cacada". 
Havia ainda as mentiras que pregavam umas às outras, pelo Carnaval.
Uma amiga falou-me que costumavam fazer um presente de "um jantarinho". Então faziam um cestinho com asa a partir de um cartucho, que enfeitavam com papel franjado e colocavam lá:  2 fósforos, uns pauzinhos, um raminho de esteva, 2 ou 3 grãos ou feijões, um bocadinho de massa, um bocadinho pequenino de toucinho e embrulhados num papel "2 feijanitos" de frango. Tudo o que era preciso para o tal jantarinho, desde os fósforos e a lenha para acender o lume. A isso juntavam também o presente que era um bicho dentro de uma caixinha. Tapavam com papel franjado e mandavam entregar a alguma amiga. 
Havia ainda o hábito de pôr rabos (tirinhas de papel), nas costas das pessoas, sem elas darem por isso. Depois começavam a gritar: O burrinho é valente, tem carga e não a sente! Ou: Rabo leva, rabo leva! 
Falaram ainda que havia quem atasse um fio a uma moeda e a deitasse à rua, quando alguém se baixava para a apanhar, puxavam o fio.
Em relação a esta brincadeira, recordo-me da minha mãezinha falar dela e me ensinar a fazer o mesmo com uma carteira velha. Quando era pequena e morava frente ao campo de futebol, cheguei a pregar esta partida. Pelo Carnaval, no dia em que havia jogo de futebol, amarrava um fio bem comprido à carteira e escondia-me com a porta quase fechada. Quando alguém se baixava para apanhar a carteira, eu puxava o fio. Claro que depois tinha que esperar que essas pessoas entrassem para repetir a brincadeira. 
 Era assim, com brincadeiras simples e  a custo zero que as pessoas se divertiam pelo Carnaval.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Recordações Que Ficam...





Minha Fala

Minha fala, minha fala
Minha fala não é esta
A minha fala era boa
E esta agora não presta!


À Frente Da Minha Porta

À frente da minha porta
Andam as penas voando
Todas saem do meu peito
E eu disfarço cantando.

Dando voltas a recolhas guardadas, encontrei estes versinhos de uma doce, querida e saudosa amiga, que já partiu para o outro lado da vida.
Recuperei também esta foto, de um dia em que a convenci a participar na aula de ginástica! Estava feliz!
Recordo com carinho o seu sorriso, quando, para se desculpar por não ir à aula, arranjava as desculpas mais esfarrapadas. 
Ela sorria, como que para eu não ficar aborrecida, e eu retribuia-lhe o sorriso, porque tinha um imenso carinho por ela e também para ela pensar que eu estava a acreditar... 
Estará certamente em bom lugar e se estiver a ver este meu gesto, sorrirá certamente a D. Luisinha... :)


                                                        D. Luísa Fernandes, ao centro
Estou a fazer esta publicação com o consentimento de uma das filhas, que me deu a entender que  este gesto, vai ser para a família uma forma carinhosa de atenuar a saudade.







Poesia Popular Alentejana

Mistérios da Natureza 

 Não sei por onde o Sol passa
na costa do ocidente:
Aparece todos os dias
do lado do oriente.

Pra que dizem que ele nasce,
s´aquase é que está parado
aonde ninguém dá chegado,
nem que a erra levantasse?
S´aquase o astro baixasse
seria a maior desgraça.
Acabava toda a raça,
não existia ninguém.
E o caminho que ele tem,
não sei por onde o Sol passa.

Tem de haver uma rotação
no globo mundial,
mas não pode ser igual.
Que há o Inverno e o V´rão.
Houve o sábio Salomão,
que era muito inteligente,
mas não soube certamente,
a temperatura do ar
se a Terra faz encostar
à costa do ocidente.

É um rei do mundo inteiro,
cruza o equador,
e vai sempre da mesma cor,
se não fizer nevoeiro.
Até mesmo no ´strangeiro
dá as mesmas garantias,
em todas as freguesias
presentes à sua beleza.
Por dever da Natureza,
aparece todos os dias.

Qual será o destino
da sua eternidade?
Que amor terá à humanidade
que sobe ao mais alto pino?
Chama-se o juíz divino
com carreira insolente.
Da meia-noite em diante,
ainda vai de passagem,
fazendo a mesma viagem,
do lado do oriente.

Francisco do Rosário - Colos
pai de D. Idália

Todos os versos publicados foram registados em Abril de 1988

Poesia Popular Alentejana

Um Poeta 

Um poeta não vareia
e não fala demasiado:
Considera tudo bem,
se não estiver enganado.

Começa por este meio:
Não conta o que não enxiste,
pra não dizerem que é triste
e afinal um enleio.
S´aquase for a passeio
numa vila ou numa aldeia,
se vir uma pessoa feia,
nunca se faz mangação.
Sem  motivo nem razão,
um poeta não vareia.

Não se põe a discutir,
sem ne`ssidade provada.
É melhor não dizer nada
pra se evitar de mentir.
Sabendo-se conduzir,
anda sempre equilibrado.
o homem sério e honrado,
não perde a sua carreira:
pergunta a melhor maneira
e não fala demasiado.

Nem se fazer atrevido
sem nenhuma confiança,
p´ra não fazer mudança.
Pode variar o sentido,
pode ser adevertido,
não prejudica ninguém.
Ganha noventa por cem
não perde nem uma migalha
e com certeza que não falha:
Considera tudo bem.

Um actor profissional
presenta a sua cultura
pra fazer boa figura,
que é o ponto principal.
Conhecer o bem do mal
no campo mais elevado,
pra não ser desconsiderado
do princípio até ó fim.
E é capaz de ser assim,
se não estiver enganado.

Versos do Sr. Francisco do Rosário - pai da D. Idália de Colos

Poeta Popular Alentejano

Se Eu Pudesse Ser Perfeito

Se eu pudesse, era perfeito,
poeta imaginário,
pra deixar nome na história,
que me foi hereditário.

S´eu alcançasse a virtude
da mais alta instrução,
deixaria o meu brasão
na especial juventude,
pedindo a Deus que me ajude,
e com o máximo respeito,
pra fazer tudo com jeito,
com firmeza e lealdade.
Sou franco, digo a verdade:
Se eu pudesse, era perfeito.

Erros nunca tinha tido
numa fase erudital
e nunca eu sofria o mal,
como assim tenho sofrido.
Talvez tivesse adquirido
o que eu deixei ó contrário,
se a vida é um dicionário
do princípio até ao fim.
E sempre haverá de ser assim,
poeta imaginário.

S´aquase fosse educado
com prática e teoria,
era um gosto que eu fazia
e não tive esse resultado.
Tenho sido já castigado
pra devorar a memória.
Não adquiri a vitória
o que é que eu devo fazer?
E, sendo assim, não pode ser
pra deixar nome na história.

Que eu só tenho trabalhado,
nesses campos ao rigor
e ninguém me dá valor.
Foi tempo mal empregado.
Fui solteiro e fui casado,
com um destino ordinário,
sou Francisco do Rosário,
desde gaiato pequeno,
pra contivar o terreno,
que me foi hereditário.

Versos do Sr. Francisco do Rosário, pai da D. Idália do Lar de Colos
O Sr. Francisco do Rosário era praticamente analfabeto. As suas poesias, ao que conta a sua filha, eram registadas por pessoas que o ouviam.
Estes versos e outros que também deixarei aqui, foram publicados no jornal Notícias de Odemira,no ano de 1990.
Tal como já referi, esta publicação deriva da vontade de D. Idália, em divulgar as poesias do seu pai.



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Atividades de Voluntariado

Ontem foi mais um dia dedicado ao voluntariado!
A manhã decorreu no Centro de Dia com mais uma sessão de Atividade Física. O grupo estava composto, embora faltassem alguns elementos. O material utizado foi o bastão. Correu muito bem, com a ajuda da música ambiente e claro está o empenho e a boa disposição daquelas atletas e do nosso atleta preferido, ou devo dizer antes o único... 






De tarde desloquei-me, como é habitual, ao Lar de Colos.
Desta vez alterámos a ordem das atividades. Iniciei com a Hora do Conto e recolha de recordações. Como estamos na época do Carnaval, escolhi este tema para a nossa conversa. Outro dia deixarei aqui os dados recolhidos. Li-lhes também umas quadras que a D.Idália tinha à minha espera, que tinham sido criadas pelo seu pai, que apesar de ser praticamente analfabeto, era um poeta popular de mão cheia. Mais um tesouro, que veio parar às minhas mãos! Como a D. Idália me autorizou a publicar algumas, oportunamente partilhá-las-ei com quem por aqui passar. 
Depois do lanche, veio o momento da Atividade Física cujo número de participantes aumentou significativamente, uma vez que integrámos os utentes de outra sala. 
Comecei por me apresentar e conversar um pouquinho com eles explicando-lhes os benefícios do exercício físico na sua faixa etária, de modo a motivá-los para a atividade e fiquei encantada ao ver que os senhores, a pouco e pouco, começaram a participar.
Como havia muitos iniciantes, usei as bolas que são mais leves e aligeirei alguns exercícios. 
Houve momentos em que me emocionei, ao ver todos aqueles braços no ar, as tentativas para conseguir fazer o melhor que podiam... O meu peito... ficou tão cheio... 
No final perguntei-lhes se tinham gostado, se tinham ficado muito cansados e se queriam continuar a participar. Senti que todos estavam entusiasmados, o que aumentou a minha alegria.
A seguir fui para o 1ºandar, onde estão as pessoas que embora não estejam acamadas, estão mais limitadas, a todos os níveis.
Aí o trabalho desenvolvido foi mais ligeiro e apesar da participação ter sido fraca, cada movimento que lhes consegui arrancar foi uma vitória. No final também a maior parte disse que gostou e que queria continuar na próxima semana.
Apesar de termos que fazer alguns acertos em relação ao espaço, foi uma tarde muito positiva e mesmo tendo em conta os meus fracos conhecimentos, julgo que tudo o que for feito por estes "meninos", neste campo, é sempre uma mais valia.
E eu, saí de lá às 17h de alma cheia de alegria e com a tal estranha forma de felicidade que hoje me alimenta a vida... 



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O Dia de Ontem

Ontem foi um dia cheio!
Cheio de alegria, de emoções, de certezas, de experiências, de descobertas, de amor, de felicidade... 
Ontem foi um dia de sensações boas, de momentos recheados de coisas que tanto tinham de simples, como de grandioso! 
Mais uma vez intui que este é o verdadeiro caminho para VIVER o tempo que durar a minha existência deste lado da vida.
Durante anos, apenas me mantive viva! Era uma vida que seguia sem viver! Uma vida de quem apenas existe! Uma vida sem sonhos nem propósitos... 
Não o digo para que se compadeçam de mim. Digo-o para que, se porventura alguém estiver a EXISTIR apenas, saiba que um dia pode voltar a VIVER, a ter sonhos e propósitos... 
Esta não é senão uma mensagem de esperança! 
Mas o dia de ontem trouxe-me ainda inúmeras certezas!
Hoje estou certa de que os pequenos sonhos, que por isso são mais fáceis de concretizar, não nos trazem menor alegria e felicidade do que os grandes.
Depois também fiquei ciente de que dentro de nós temos uma força imensa e que se acedermos a ela, podemos senti-la na forma de uma fonte de energia que parece inesgotável, que nos permite realizar façanhas que ultrapassam as nossas capacidades "normais". 
Acima de todas estas descobertas, vem a que eu considero superior, que é a de que a Natureza é milagrosa, é a mãe que alimenta a nossa fonte de energia, nos protege da nossa mente, fazendo-nos acreditar que somos capazes das coisas mais extraordinárias e nos enche de alegria e felicidade apenas por termos a graça de a poder contemplar. 
Assim foi ontem. Este sonho, ou desejo de conhecer este lugar maravilhoso, foi cumprido. Era um sonho simples, que se podia até fazer sem dinheiro, mas nem por isso um sonho menor.
Ao longo de todo o caminho, senti-me inebriada pela força da natureza e a cada respiração, a vontade de seguir aumentava e o cansaço ficava distante. Algo de mágico e transcendente me acompanhava.
Quando cheguei ao local, senti que se morresse a seguir, iria feliz... 
Claro que não queria  partir ainda, tenho tanta coisa para fazer... 
No regresso, houve um momento em que senti que algum cansaço me rondava e captei da mente a mensagem de que talvez não aguentasse até ao fim... Mas algo me fez olhar para trás e observar  a paisagem que me cercava. O campo quase a perder de vista e para lá de quase tudo, vinha o mar e para lá dele o céu lindo... 
Respirei bem fundo e foi como se um furação penetrasse nos meus músculos e uma aragem suave e quente  preenchesse o meu coração! Senti uma luz que me saía olhar fora, uma alegria imensa dançava-me no peito e a energia que me inundou, deu-me alento para o resto do trajeto. 
Hoje, a alegria mantém-se-me no peito e as pernas apenas me dão sinal de que foi grande a caminhada... 












sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Atividade Semanal

Na terça-feira, o grupo para a Atividade Física no Centro de Dia, esteve mais completo. Éramos 15! 
Realizámos os exercícios de acordo com as várias fases, como é habitual. Neste dia foram utilizadas as bolas, para a realização dos exercícios de braços, quando estavam sentados. 
O nosso "menino", que nunca mais arranja companhia masculina para a atividade, estava muito animado com a música e durante a fase da marcha, até lhe apeteceu dar um pezinho de dança.
Penso que toda a gente saíu bem disposta e com grande apetite para o almoço. 
Estou a pensar improvisar mais um tipo de material - uns "alteres" feitos a partir de saquinhos de areia. Desta vez não vou pedir nada, pois bastam uns "trapinhos" e areia da praia. 



De tarde, no Lar de Colos, realizámos também a Atividade Física. Tive que aligeirar os exercícios porque as "meninas" tinham ido caminhar de manhã com a animadora e estavam um pouco cansadas. Mas portaram-se muito bem. Realizaram todos os exercícios, reduzindo apenas o número de repetições.
Desta vez levei-lhes um livro que requisitei da biblioteca do 1ºciclo - "O Príncipe Perfeito" da escritora Sara Monteiro. É uma história linda e embora muito extensa, ninguém perdeu "o fio à meada". Foi lida em duas partes.
Tendo em conta que a leitura foi mais demorada que o habitual, apenas houve tempo para rever os Provérbios, algumas lengalengas e uns exercícios rítmicos, para repetição de batimentos. 
Tive oportunidade de apreciar os preparativos para o Desfile de Carnaval. Os trajes são feitos com a colaboração de cada utente. No dia 8 de Fevereiro, um grupo vai particiar na Festa de Carnaval em Milfontes.


 cestinhos para as flores 



Aventais
Na próxima semana, vão ser integrados na Atividade Física, os elementos de cada um dos três grupos, que estiverem interessados. 
Para isso vou contar com a ajuda da animadora e alargarei um pouco o meu período de permanência na Instituição.