quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Como se brincava ao Carnaval

Nos últimos dias de atividades, sondei as minhas meninas acerca de como se divertiam no Carnaval. 
Falaram-me dos bonecos que faziam com bocados de troncos, que vestiam e levavam com elas quando se mascaravam com roupas das avós ou de vizinhas já velhotas
. Uma amiga falou-me que costumava fazer um boneco com o travesseiro, depois metia-o na cama, com a cara tapada, acendia velas à volta da cama e ia chamar as amigas para irem ao quarto. Elas assustavam-se porque pensavam que era um morto. 
Do que mais me falaram foi dos presentes!
Arranjavam caixas de fósforos ou outras um pouco maiores e punham lá dentro bichos vivos: lagartixas, ratos, rãs ou sapos pequenos, gafanhotos...depois embrulhavam a caixa, atavam com uma tira de trapo e faziam um laço. Estes presentes eram mandados às amigas, que ao abrirem o presente se assustavam quando o bicho saltava. Às vezes apanhavam o bicho e devolviam o presente, noutro embrulho.
Também havia quem pusesse pedras a aquecer nas brasas da lareira, depois as embrulhasse num trapo para não se queimar e fosse atirá-las pelo postigo das vizinhas, ou quem guardasse os cacos da louça ou quartas de barro que se tivessem partido e fosse deitar os cacos para a porta das vizinhas. Chamavam-lhe "uma cacada". 
Havia ainda as mentiras que pregavam umas às outras, pelo Carnaval.
Uma amiga falou-me que costumavam fazer um presente de "um jantarinho". Então faziam um cestinho com asa a partir de um cartucho, que enfeitavam com papel franjado e colocavam lá:  2 fósforos, uns pauzinhos, um raminho de esteva, 2 ou 3 grãos ou feijões, um bocadinho de massa, um bocadinho pequenino de toucinho e embrulhados num papel "2 feijanitos" de frango. Tudo o que era preciso para o tal jantarinho, desde os fósforos e a lenha para acender o lume. A isso juntavam também o presente que era um bicho dentro de uma caixinha. Tapavam com papel franjado e mandavam entregar a alguma amiga. 
Havia ainda o hábito de pôr rabos (tirinhas de papel), nas costas das pessoas, sem elas darem por isso. Depois começavam a gritar: O burrinho é valente, tem carga e não a sente! Ou: Rabo leva, rabo leva! 
Falaram ainda que havia quem atasse um fio a uma moeda e a deitasse à rua, quando alguém se baixava para a apanhar, puxavam o fio.
Em relação a esta brincadeira, recordo-me da minha mãezinha falar dela e me ensinar a fazer o mesmo com uma carteira velha. Quando era pequena e morava frente ao campo de futebol, cheguei a pregar esta partida. Pelo Carnaval, no dia em que havia jogo de futebol, amarrava um fio bem comprido à carteira e escondia-me com a porta quase fechada. Quando alguém se baixava para apanhar a carteira, eu puxava o fio. Claro que depois tinha que esperar que essas pessoas entrassem para repetir a brincadeira. 
 Era assim, com brincadeiras simples e  a custo zero que as pessoas se divertiam pelo Carnaval.

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