quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Lutas que se travam

Apesar de fazer companhia a mim mesma durante praticamente todas as noites do ano e de isso me bastar, aquela noite em que o ano velho parte para dar lugar ao novo, continua a deixar-me com um nó que começa no peito e me chega à garganta. 
Nessa noite, não vale a pena escondê-lo, sinto-me sempre só!
Mas o pior é que aquela solidão que me assalta, é de difícil contento. É uma solidão seletiva. Não é sentir falta de uma companhia, mas sim sentir falta da companhia... daquela de outras noites como aquela... daquela que impedia que a solidão sequer passasse por perto... 
Com este pensamento, receei que, mesmo rodeada de gente, essa solidão me encontrasse e eu como tem vindo a ser hábito, não lhe resistisse... 
Mas com a força e a coragem de quem armazenou armas e munições para enfrentar todas as lutas, aceitei o desafio. 
Dei por mim numa sala cheia! Quando entrei, durante um tempo não me encontrei. Estava ali e não estava... Estava o meu corpo, mas o resto ou melhor dizendo o mais importante, não estava ali...
Desembainhei a espada da coragem e decidi desempenhar o meu papel naquele palco onde me encontrava. 
O tempo foi correndo e eu estava perfeita, a fazer tudo o que devia. Sabia que não estava completa, mas talvez fosse melhor assim...
Só que quando a contagem decrescente começou, a parte de mim que tinha fugido, reapareceu de repente e por momentos, toda a multidão que me cercava, era nada, para aliviar a saudade imensa e a solidão que me inundou o coração.
Nesses momentos desejei estar longe, no cantinho da minha  lareira, onde podia enganar-me quantas vezes quisesse no papel que devia representar naquela noite.
Fugi dali, mas também por breves momentos. Nesse canto em que pude sentir-me inteira, aceitei aquela mistura de emoções que me tinha tomado de assalto. Depois respirei fundo, limpei os vestígios de tristeza e já com o peito mais leve e sereno voltei aquela sala cheia e aceitei que aquela era a companhia possível e que aquele era o meu Agora. Com esta certeza, entreguei-me ao momento e vivi-o com uma certa  intensidade  tendo conseguido alegrar-me como julguei impossível que acontecesse.
No final orgulhei-me da minha força e soube que noutras noites como aquela, poderei sempre vencer a saudade, a tristeza e até aquela sensação de solidão, quer esteja sozinha ou mesmo numa sala cheia de gente.

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