terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A Vida de Uma Lavradora

A D. Maria Guerreira, casou aos 25 anos e foi viver para o monte dos sogros.
Levantava-se cedo e era ela que ordenhava as cabras, as ovelhas e as vacas, sentada numa cadeira. Com o leite  fazia queijos e almece. O leite que sobrava, ia colocando numas embalagens grandes que tinham um produto e quando estavam cheios seguiam para Almodôvar. Diz a D. Maria que chegavam a levar 400 l. 
Também era ela que lavava toda a roupa. Ia para o poço com a roupa à cabeça e depois trazia-a molhada até ao monte onde a estendia. 
Como tinham muitos homens a trabalhar no monte, todos os dias precisava fazer pão. 
Quando vinha a altura da matança do porco, chegavam a matar 3 porcos no mesmo dia, alguns com 18 arrobas. 
Também era ela que sozinha fazia a comida para a família e para os criados. 
De manhã, ao almoço, costumava fazer sopas de toucinho. 
Ao meio dia, o jantar, podia ser jantares de couve, de legumes que tivessem na época, de feijão, grão...
A ceia podia ser papas com leite, almece, mel ou batatas doces; açorda; sopa de legumes ou pão com azeitonas ou queijo.
As roupas de vestir e de casa, como toalhas para a mesa, ou para se limparem, era  a D. Maria que fazia. À noite quando todos se deitavam, ela ficava levantada, talhava e alinhavava as roupas. No Inverno costumava trazer a máquina de costura para perto da lareira e enquanto todos dormiam, ficava a coser  até tarde. 
A D. Maria disse-me que ainda hoje usa roupa interior feita por ela.
Esta senhora devia ser uma mulher bem valente! Conta que tinha uma carrinha com uma égua e era ela que sozinha vinha das Fornalhas aviar-se a Colos e até a Alvalade. Conta que quando uma das filhas andava em Colos na escola, todos os dias vinha trazer comida e roupa. 
Apesar de ser lavradora, a D. Maria Guerreira, fartava-se de trabalhar.


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