quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Os Dias da D. Idália

Conta que bem nova, levantava-se muito cedo e ia comendo um bocadinho de pão, a caminho do trabalho no campo. No tempo das amoras, comia pão com amoras. Quando não havia, comia sem nada, outras vezes nem levava.O trabalho começava ao nascer do Sol.  Costumavam levar alguma coisa para fazerem para o almoço e para o jantar. O almoço era por volta das dez horas. Era quase sempre < umas sopinhas de batata >. Quando acabavam de almoçar, < ficavam logo uns feijanitos, ou uns grãos, ou umas folhinhas de couve a cozer>, para o jantar. O manajeiro ia fazer um lume comprido e todas punham as panelas à roda. Depois mais tarde era o jantar, em que cada uma comia da sua panela. 
À tarde tinham direito a meia hora de Sol e vinham embora.
Conta que quando trabalhou na Ferraria eram os patrões que davam a comida e  merendavam lá. Uma hora e meia antes de virem embora comiam  pão com queijo. A D. Idália conta que aí, o almoço era sempre sopas de toucinho, com umas talhadas muito grossas que pareciam lesmas. Ela só comia as sopas e deitava as talhadas fora. Às vezes levava umas < zeitonitas > para comer com as sopas. Ao jantar era < grãos solteirinhos, sem mais nada>.
A merenda ao fim do dia era um quarto de pão e metade de um queijinho pequenino do roupeiro da Ferraria, que cheirava mal, < a suor dos pés >. Diz que jogava o queijo fora, comia metade do pão e trazia o outro bocado para casa.
Quando chegava a casa, comia uma açorda sem nada. 
Também lavava a roupa, ou no barranco ou ao poço do avô. Ao poço lavava num alguidar de ferro. Quando ia ao barranco levava num cocharro de cortiça. Lavava a roupa numa pedra, de joelhos. Mais tarde o avô fez um <lavadouro> de pé. 



 D. Idália - Lar de Colos


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