quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Trabalhos de Antigamente

Carvoarias 

Para fabricar o carvão faziam uns fornos. 
No chão punham um monte de carqueja e estevas e depois iam colocando os troncos levantados, uns por cima dos outros, começando pelos mais pequenos e acabando nos maiores e o forno ficava tão alto que os homens tinham que usar uma escada para poder trabalhar nele. Por fim cobriam tudo muito bem com terra e atiçavam lume. Apenas deixavam um pequeno orifício junto ao chão (ouvido), por onde espreitavam, ou ouviam, para saber se os troncos ainda estavam a arder. Tinha que ficar tudo muito bem tapado, para não entrar o ar, caso contrário os troncos ardiam completamente e ficavam reduzidos a cinza e não a carvão. 
Durante uns dias o forno ia trabalhando devagar e os homens vigiavam quer de dia, quer de noite, porque sempre que surgisse uma abertura tinha que ser rapidamente tapada  com terra. 
Depois de apagado, esperavam uns dias até desmanchar o forno e então iam as mulheres juntar o carvão em sacas. Alguém me disse que cada saca custava 25 tostões. O carvão grado era separado do miúdo. Os troncos que não tivessem ardido juntavam-se e faziam outro forno mais pequeno a que chamavam forneca. 
Contam-me que era um trabalho muito mau, por causa do pó do carvão. 

Desencamisar o milho 

O trabalho de "desencamisar" ou "descamisar" o milho, consistia em retirar as folhas às maçarocas. Muitas vezes este trabalho era feito à noite, porque durante o dia andavam noutros trabalhos no campo. 
Juntavam-se rapazes e raparigas e faziam uma roda sentados à volta da eira onde estavam as maçarocas de milho.
Iam tirando as folhas e quando encontravam uma maçaroca com alguns bagos de milho vermelho, tinham que dar tantos beijos quanto o número de bagos vermelhos.
Se encontrassem uma maçaroca de milho preto, corriam a roda e davam 1 beijo a cada pessoa.
Contam que era uma risada, porque quase toda a gente gostava de dar e receber beijinhos e então se estivesse lá o namorado ou a namorada, ou a pessoa de quem gostavam, a alegria ainda era maior!  Mas também havia quem escondesse a maçaroca sem ninguém ver, quando na roda havia alguém de quem não gostasse e não quisesse dar-lhe um beijo.
A D. Maria Guerreira de Colos contou um episódio que aconteceu com a sua irmã, que encontrou uma maçaroca de milho preto e como era hábito correu a roda a dar beijinhos, só que em vez de deitar a maçaroca para o lado, escondeu-a e de tempos a tempos, tirava-a como se tivesse encontrado outra. Fez isto várias vezes e os outros já estavam com inveja de só a ela calhar o milho preto. Entretanto lá se descobriu a esperteza da menina que gostava muito de dar beijinhos. Acabaram todos por achar muita graça à brincadeira. «Muito a riu a gente!» - diz a D. Maria Guerreira

Sem comentários: