quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Lembranças da D. Rosa

O Zeca
Quando se estava a lavar
todo metido na tina
estava o Zeca a murmurar:
- Quem me dera ser menina!
- Ser menina para quê?
pergunta então a mãezinha
e que graça é que isso tinha?
E o Zequinha aborrecido
disse afastando as «gadelhas»
- Tinha o cabelo comprido
e não lavava as orelhas.

O Chico
Há dias pela mão da mãe
tique, tique rua fora,
foi ele todo contente
visitar uma senhora.
Beijos, conversas, abraços
e depois, vê-se está,
como é uso em casos tais,
servirem bolos e chá.
Na mesa um grande pudim
tentador, apetitoso!
Parecia mesmo dizer:
-Come-o grande guloso.
Partiu a senhora um bolo
E ao Chico com ligeireza
ofereceu uma fatia
das maiores, uma beleza!
Ferrando-lhe logo o dente
o pequenito comeu,
comeu e saboreou,
mas agradecer, nem eu!
Perante disparate tal
ralha a mãe com o petiz.
- Não tem boca para falar?
Vamos meu filho, que se diz?
E ele num riso escarninho,
com a boca atafulhada
- Quero mais uma fatia,
que esta está acabada! 

O Chiquinho
A mamã disse ao Chiquinho
- Não se esteja a fazer tolo
porque sabes muito bem,
neste prato falta um bolo.
Havia aqui dois pastéis
que eu cá pus ontem à noite
confessa que tiraste um
ou apanhas um açoite!
Ficou o Chico pasmado
e esteve algum tempo assim
com ar muito consternado
até que respondeu por fim:
- O quê? Ainda ficou um?
Pois tive azar a valer,
calculem, estava tão escuro
que nem o consegui ver!



A D. Rosa, que se encontra no Lar de Colos,  aprendeu estas poesias quando andava na escola e repete-as com uma entoação maravilhosa e também com grande rapidez!
Há anos, quando desenvolvi um projeto envolvendo o Centro de Dia do Cercal e a minha turma, recordo-me que a D. Rosa lhes recitou estas poesias e eles acharam muita graça.

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