segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cada Dia um Renascer

Há dias fui caminhar um pouco junto ao mar!
 Faço-o imensas vezes, só que desta vez tive a perceção de que foi diferente de todas as outras. Normalmente faço este percurso para libertar tristezas e dores, ou para folhear o livro das memórias distantes ou recentes. Em muitas dessas vezes, o meu corpo anda por lá, mas o espírito fica distante e quando regressa é por meros momentos, ausentando-se de novo. Quando consigo manter-me presente de corpo e alma, sinto-me sempre pequena e frágil perante a  imponência do mar.
Desta vez foi diferente! Senti que estava lá por inteiro desde o primeiro ao último momento. Dei-me conta disso, mal me descalcei e senti o contacto com a areia. Senti-a completamente em contacto com os meus pés, o modo como os cobria, o maior ou menor esforço que fazia ao dar cada passo, a sua textura, a temperatura... e fui-me dando conta de todas as alterações até me aproximar do mar.
Depois toda eu me entreguei à beleza que me cercava e deixei que me inundasse a alma.
Um paraíso, pensei eu! E engraçado que desta vez não me senti pequena perante o mar nem  me senti maior que ele. Desta vez senti que tanto eu como ele, ocupávamos o centro do universo. Senti-me especial, única e privilegiada, por ter a capacidade de observar em pleno toda aquela beleza.
Sentei-me na areia e abri os braços para continuar a ser abençoada com tamanha maravilha, que me transmitia sensações de paz, de liberdade e de uma alegria imensa, que me abria uma janela por onde podia distinguir uma estranha forma de felicidade. Estranha, porque é uma felicidade diferente daquela que me habituei a conceber. Felicidade que não depende de nada além do que a natureza tem à minha disposição e também não depende daquilo que alguém possa sentir por mim, do que alguém me poderá dar. Felicidade que apenas depende de mim, de me centrar no meu ser interior, de me manter no agora e apenas sentir... Felicidade de vem de dentro para fora e que me traz ao olhar o brilho de lágrimas suaves e faz o meu coração bater num compasso com tanto de agitação como de serenidade. Felicidade que me desperta e me faz descobrir coisas que tantas vezes me passaram despercebidas. Assim, neste meu passeio à beira-mar, conciencializei-me que cada dia pode ser um renascer, para fazer coisas que nunca fizemos, descobrir aquilo que ainda não tínhamos descoberto e viver de um modo diferente, aprendendo a valorizar as pequenas mas imensas preciosidades que estão à nossa disposição aqui neste mundo e a utilizar o poder que temos dentro de nós.


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