segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Compromisso com a Vida

Durante anos dava graças quando chegava  a noite, porque ela me trazia  a leve esperança de que o tempo de estar por cá poderia ter chegado ao fim!
Depois cada acordar, trazia-me a triste desilusão de que pelo menos ainda por mais um dia o suplício iria continuar.
Foi assim que vivi, durante mais de três anos, em que os únicos momentos em que me sentia viva, era quando me dava aos outros e me esquecia de mim.
Tive a benesse de trabalhar com crianças e de adorar o que fazia e depois descobri o voluntariado. Estou certa que foram estes os pilares que me sustiveram, além da ideia de que os meus filhos dependiam de mim e eu não podia ser egoísta e simplesmente abandoná-los à sua sorte e fugir antes de tempo. 
Cheguei a sonhar com o dia em que eles deixassem de precisar de mim e eu pudesse viajar sem me sentir culpada... Só pensamentos de quem não está bem...de quem está inconsciente... os filhos precisam sempre dos pais... 
Estou a partilhar estes momentos já distantes, não para que haja lágrimas ou lamentos, mas para que não haja dúvidas que tudo muda, tudo passa, tudo se ajeita...
Depois da primeira grande ajuda que a psicoterapia me forneceu e das ferramentas que ela me deixou, aprendi a descobrir outras fontes para me fortalecer. Chegaram-me às mãos muitas leituras, pessoas, ensinamentos, sem que eu me mexesse para os procurar.
Foi assim que me ergui de vez e que enveredei por um novo caminho.
Nesse caminho que encetei, só desejava encontrar Paz e Alegria de viver
 Depois fui descobrindo que afinal havia também uma outra forma de ser Feliz, um pouco diferente daquela que conhecia. Habituei-me a ela e fui saboreando essa nova forma de Felicidade. 
Continuei a dar-me aos outros, centrando nos seus sorrisos e na sua alegria, esse estado de bem-estar que me fazia saltar o coração no peito e acender luzinhas no olhar.
Apesar de todo o bem-estar que alcancei, e apoiada em tanto que tenho lido e pensado, decidi que não poderia esquecer-me de mim. Havia chegado o tempo de retirar uns momentos para me olhar, para me mimar...
Fiz então um Contrato com a Vida, no qual me propus viver cada momento de acordo com a minha consciência, abraçando o medo, em vez de deixar que ele me anule a coragem. 
Decidi viver, perdoando, não guardando mágoas no coração, tolerando, respeitando, mas não abdicando da liberdade a que tem direito, quem tanto dá de si, sem prejudicar ninguém. 
Sei que a ampulheta da vida a cada dia que passa, vai ficando mais vazia, por isso quero manter o olhar límpido para observar todas as belezas que me cercam, os ouvidos atentos para escutar e o coração leve e puro para continuar  a ter a capacidade de sentir e de amar tudo e todos que me cercam.
Em resumo, este meu Contrato com a Vida é de acolher tudo aquilo que a vida colocar no meu caminho, com  a certeza de que esse é o meu dever e de que tudo fará parte da missão que me trouxe a este mundo. 

Sem comentários: