segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Encantos da Noite

Cada vez estou mais consciente que cada dia que vivemos representa um mar de oportunidades para novas descobertas, para novas conquistas, para estabelecer novos propósitos, para aprender a apreciar aquilo que até então nos parecia enfadonho e até assustador.
Há pouco tempo dei comigo a apreciar algo que desde há muito me assustava, me tirava a tranquilidade e na qual em hipótese alguma considerava que houvesse alguma beleza.
Refiro-me à noite! 
Recordo-me que em criança, de coração e olhar inocentes, a noite encantava-me. Quando saía, os meus olhitos curiosos mal se desviavam do céu e ficava a imaginar como seria visto de perto tudo aquilo que brilhava lá no alto. 
A Lua então, fazia-me galgar as fronteiras da imaginação de tal forma, que até conseguia ver gente que se deslocava nela.
E as nuvens? Com essas deliciava-me a  inventar-lhes formas.  Em meu redor, divertia-me com as sombras e ficava a fantasiar mil e uma aventuras que por trás delas se escondiam. Nada me assustava, tudo era mágico e encantador, tal como as histórias de arrepiar que costumava ouvir.
Não sei a partir de quando a noite me começou  a assustar. Sei que a partir de certa altura, ela passou a trazer o cheiro de perda, de horror e de morte. 
Também não sei porque razão, deixei de ver a noite dessa forma tão sinistra como a vi durante tantos anos. Não sei em que data foi, mas uma noite senti vontade de sair à rua e olhar para ela. Voltei a contemplá-la com os mesmos olhos de criança, de olhar inocente e da minha boca saiu um AH! 
Respirei bem fundo várias vezes e fui apreciando cada um dos seus cantos, de alto a baixo! A mente foi ficando silenciosa, porque Eu queria ouvir tudo, no meio do silêncio. 
Devagarinho foram-me chegando os sons, desde os mais próximos aos mais longínquos. Para não perder nada, porque eu não me queria ficar pelo que os sentidos me traziam, fechei os olhos e fiquei a sentir a noite, deixando-me inundar pelo seu poder mágico.
Desde então, reservo sempre uns minutos para saborear a sua beleza e descobrir novos encantos que ela esconde. 
Ainda há pouco me senti grata pelas dádivas com que me agraciou. De olhos emocionados agradeci-lhe e disse-lhe que estava perfeita, encantadora!
 Até o fresquinho que me picava os braços nús, me convidava a um abraço, que dei a mim mesma, repetindo que amo esta Luísa que hoje sou, porque esta será a companhia que jamais me abandonará. 
Olhando para  dentro senti um coração a pulsar de alegria e felicidade, por ter  a capacidade de amar e senti também uma paz sem limites. 

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