segunda-feira, 10 de junho de 2013

Recordações sobre os Santos Populares (parte II)

As minhas meninas falaram-me das memórias que lhes ficaram das noites dos Santos Populares, principalmente o Santo António e o S. João.
Recordaram algumas brincadeiras que faziam enquanto saltavam a fogueira, para saberem com quem iriam casar, se os rapazes de quem gostavam, também gostavam delas, como seria a sua vida futura...

- Enquanto saltavam a fogueira, o primeiro nome que ouvissem chamar, seria o do futuro marido.

- Saltavam a fogueira com uma alcachofra na mão e quando iam para casa, deixavam-na em água, na rua. Se no dia seguinte ela estivesse florida, significava que o rapaz de quem gostavam também gostava delas. Se estivesse murcha, queria dizer que não eram correspondidas. 

- Escreviam uns papelinhos com vários nomes e um com a palavra desconhecido. Pulavam a fogueira com os papelinhos na mão e quando se iam deitar, colocavam-nos debaixo da almofada. No dia seguinte, quando acordavam, deitavam a mão e tiravam um à sorte. Esse seria o nome do futuro marido. Se tirassem o que tinha a palavra desconhecido, queria dizer que ainda iriam conhecer esse rapaz. ( Devo dizer-vos que fiz esta brincadeira várias vezes e sempre me calhava o papel com nome desconhecido. Deu certo, pois só mais tarde viria a conhecer o meu companheiro)

- Saltavam a fogueira com 3 favas na mão, uma completamente descascada, outra meio descascada e outra com casca. Punham debaixo da almofada quando se iam deitar. De manhã tiravam uma e isso queria dizer qual iria ser a sua condição económica no futuro. 
Se tirassem a fava descascada era sinal de que iriam ser muito pobres; se fosse a meia dascascada, seriam remediadas e se fosse a fava com casca completa, seriam ricas.

- Saltavam  a fogueira com um bocado de cera na mão. Depois derretiam numa latinha e deitavam água. Quando solidificava tentavam ver as figuras que se tinham formado e daí descobrir as ferramentas do trabalho dos futuros maridos. 
A minha mãe contava que quando fez esta brincadeira não percebia nada dos desenhos, mas que alguém lhe disse que parecia preguinhos pequenos, um martelo e umas outras coisas que faziam lembrar ferramentas de sapateiro. Também deu certo, porque mais tarde os meus pais conheceram-se e ele era sapateiro.

Muitas destas brincadeiras ainda me recordava da minha mãezinha me falar nelas, mas achei importante a sua recolha e divulgação. Quem sabe alguns dos jovens que por aqui passarem não são tentados e recuperá-las...

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