sexta-feira, 29 de março de 2013

Tradições da Páscoa

Falando com as "minhas meninas" sobre como era comemorada a Páscoa antigamente, aprendi algumas coisas e recordei outras que a minha mãezinha me costumava contar.
Muitas contam que, no caso das famílias mais pobres, era um dia como os outros, mas os mais abastados e até os mais remediados, comemoravam esta época festiva, de acordo com a s suas posses.

Comidas tradicionais:

- Quem tinha ou podia comprar, comia sempre borrego ou as suas miudezas. Faziam com batatas, ou arroz, ou em ensopado. 
- Poucas falaram dos folares, mas em bolo da massa do pão a que davam o nome de "enxovalhada". Costumavam também fazer filhós.

Contrato da Páscoa:

Quer no Cercal, quer em Colos falaram-me nos célebres contratos que se faziam entre a rapaziada da época. Os dizeres do contrato é que variavam, assim como aquilo que combinavam e a data em que este terminava. 
O objectivo deste contrato era receber amêndoas . Quem perdia tinha que oferecer um cartuchinho de amêndoas ao outro. Nessa altura as amêndoas vendiam-se avulso. Combinavam também quantos tostões de amêndoas deveriam oferecer.
Há quem diga que faziam o contrato logo a seguir ao Carnaval, outros 15 ou 8  dias antes da Páscoa, ou antes do dia da Procissão do Senhor dos Paços, como era em Colos. 
Este contrato era normalmente feito entre 2 raparigas ou um rapaz e uma rapariga. 
Contam que ligavam um dos dedos mínimos e diziam: 
Contrato, contrato, contrato fazemos, sábado de aleluia  acabaremos ou desmancharemos. Combinavam também alguma brincadeira para fazer durante esses dias sempre que um avistasse o outro. Ex: puxa a orelha, puxa o nariz...

Em Colos deram-me outra versão: 
Fazemos contrato, contrato fazemos, rezamos às almas, às almas rezaremos, no sábado de aleluia, oferece e reza. 
Cada vez que se encontravam, o que via o outro, dizia:
- Reza - e o outro tinha que ajoelhar e rezar.

Quando chegava o sábado de aleluia ou o dia do Senhor dos Passos, andavam todos escondidos, para não se deixarem ver e não terem que dar as amêndoas e mais ainda desejosos de receber. Por vezes eram as mães ou outros familiares que ajudavam a descobrir onde estavam os outros, para conseguirem ganhar.
Quando um avistava o outro, gritava:
- Oferece 
Esse tinha que oferecer  as amêndoas.
As minhas amigas recordaram vários episódios desse tempo, muito engraçadas! 

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