domingo, 10 de março de 2013

Reflexão

Na semana passada, houve um dia em que acordei e a primeira frase que me veio ao sentido foi: Hoje é o primeiro dia, do resto da minha vida...
Ao pensar isto senti-me triste e angustiada. Tanto neste dia, como nos que lhe seguiram, o meu peito foi habitado por emoções que não me eram estranhas. Fui-lhes prestando atenção e não que isso diminuisse o seu efeito, mas ao menos sabia de onde vinham  e quando as sentira pela primeira vez. Pode parecer pouco, mas pelo contrário é bastante. É meio caminho andado!
 Descobri que estas dores não eram do presente, mas sim do passado. Que não era o acontecimento presente que me estava a causar dor, mas sim o reviver do duro golpe do passado. O meu «corpo de dor» voltara a estar activo e eu voltava a sofrer tudo de novo, com uma intensidade semelhante à anterior. A minha mente voltava a não me dar tréguas e eu via-me a saltitar entre a dor do passado e o medo do futuro. 
Entretanto a pouco e pouco fui silenciando a mente e os pensamentos conscientes começaram a surgir. O acontecimento presente nada tinha com o do passado. O outro representava o fim e este um início. O outro tinha o cheiro da morte e este o aroma fresco da vida. 
A pouco e pouco a paz foi ficando por momentos cada vez mais longos no meu espírito e hoje creio que se ela não se instalou de vez, já poucos pertences lhe falta trazer, para que o faça. 
Esta manhã, quando acordei fiquei a pensar em tudo aquilo que perdi durante estes dias em que andei a travar esta luta... aquilo que não vi, não ouvi e não senti... quantas maravilhas me passaram despercebidas... lamentei mas não me condenei. Fiz o que me foi possível...
O que mudou em relação à semana passada? A situação mantém-se, mas a minha forma de a ver, essa mudou e eu passei a vê-la de uma forma mais leve, mais suave, mais natural... 
Mais uma vez tomei a coragem de viver no Agora! Se possível não olhar para trás, nem para diante. Olhar apenas onde pouso os meus pés e quando erguer a cabeça terei muito com que me encantar, apreciando as flores do campo, as nuvens do céu, os pássaros a esvoaçar, o Sol, a Lua, o mar, os rostos daqueles com quem me cruzo, desenhar estrelas em vários olhos, pintar sorrisos em várias bocas, escutar tudo o que me cerca e até deleitar-me com a magia do silêncio... E depois tenho-me a mim para cuidar e aos meus para amar, bem como a todos aqueles que têm um cantinho no meu coração.
Para quê olhar para trás, se o que conta está dentro de mim? Para quê olhar para a frente, se cada acordar é um renascer feito de milhares de momentos em que eu posso virar o leme para outra direcção? 
Nada é permanente nem na Natureza, nem no Universo e cada dia também nós somos diferentes, mas Agora é assim que penso e viver assim é a minha decisão deste Agora. Mais logo... amanhã... outro dia... não sei...


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