terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Poeta Popular Alentejano

Se Eu Pudesse Ser Perfeito

Se eu pudesse, era perfeito,
poeta imaginário,
pra deixar nome na história,
que me foi hereditário.

S´eu alcançasse a virtude
da mais alta instrução,
deixaria o meu brasão
na especial juventude,
pedindo a Deus que me ajude,
e com o máximo respeito,
pra fazer tudo com jeito,
com firmeza e lealdade.
Sou franco, digo a verdade:
Se eu pudesse, era perfeito.

Erros nunca tinha tido
numa fase erudital
e nunca eu sofria o mal,
como assim tenho sofrido.
Talvez tivesse adquirido
o que eu deixei ó contrário,
se a vida é um dicionário
do princípio até ao fim.
E sempre haverá de ser assim,
poeta imaginário.

S´aquase fosse educado
com prática e teoria,
era um gosto que eu fazia
e não tive esse resultado.
Tenho sido já castigado
pra devorar a memória.
Não adquiri a vitória
o que é que eu devo fazer?
E, sendo assim, não pode ser
pra deixar nome na história.

Que eu só tenho trabalhado,
nesses campos ao rigor
e ninguém me dá valor.
Foi tempo mal empregado.
Fui solteiro e fui casado,
com um destino ordinário,
sou Francisco do Rosário,
desde gaiato pequeno,
pra contivar o terreno,
que me foi hereditário.

Versos do Sr. Francisco do Rosário, pai da D. Idália do Lar de Colos
O Sr. Francisco do Rosário era praticamente analfabeto. As suas poesias, ao que conta a sua filha, eram registadas por pessoas que o ouviam.
Estes versos e outros que também deixarei aqui, foram publicados no jornal Notícias de Odemira,no ano de 1990.
Tal como já referi, esta publicação deriva da vontade de D. Idália, em divulgar as poesias do seu pai.



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