quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Namoros de Antigamente

Antigamente os namoros eram muito diferentes de agora, dizem as minhas meninas! 
Nessa altura muitos rapazes levavam imenso tempo até convencerem as raparigas. Uma amiga conta que o seu namorado levou quase um ano, até ela aceitar namorar com ele. 
Havia vários locais onde os namoros começavam. Podiam começar a namorar durante os trabalhos do campo, nos bailes, ao chafariz, quando iam à água; nas feiras e mercados, nas "alumiadas" , nos barrancos... 
Contam que durante a ceifa, os rapazes tentavam sempre mudar de lugar na fila de ceifeiros, para ficar atrás da rapariga de quem gostavam. Durante o desencamisar do milho, eles estavam sempre desejosos de lhes sair o "milho-rei", para poderem dar um beijinho à rapariga de quem gostavam, mas não eram só eles, elas também gostavam. 
Quando iam buscar água ao chafariz, os rapazes iam lá ter e então, quando já se namoravam, iam ficando para trás na fila, para estarem mais tempo a namorar. Uma amiga conta que, uma irmã mais nova, foi à fonte com uma tia que tinha namorado e ela demorou-se tanto tempo, que a menina adormeceu encostada ao chafariz. 
Quando iam lavar roupa aos barrancos, os rapazes sempre que podiam iam esperá-las ao caminho e vinham namorando até se aproximarem da aldeia.
Tudo isto porque de início os namoros eram quase sempre às escondidas dos pais das raparigas. 
Logo que os pais sabiam, se aceitassem, deixavam que namorassem à porta, ou à janela. Em relação à janela, contaram-me que alguns pais, quando faziam a casa, nem queriam fazer janelas, já a pensar que as filhas depois iam namorar lá. 
Quando já tinham um certo tempo de namoro, os pais autorizavam que o rapaz entrasse e conversavam em casa. No Inverno, sentavam-se com toda a família à volta da lareira. 
Mas claro que havia sempre os outros lugares onde se encontravam sem que os pais soubessem. 
Uma amiga conta que tinha uma irmã e então cada uma só tinha autorização para namorar três dias por semana, em dias alternados. Uma namorava segundas, quartas e sextas e a outra, terças, quintas e sábados. 
Ao domingo as raparigas saíam em grupos e os rapazes, que também se juntavam uns com os outros, iam ter com elas. Nesses dias costumavam fazer bailes de roda, ou ir aos bailes das sociedades recreativas locais, ou passear pelo campo.
Quase sempre os namoros eram entre jovens da mesma aldeia, mas quando isso não acontecia, principalmente com as raparigas que iam "servir", os namoros eram por carta. O problema é que pouca gente sabia ler e escrever, o que fazia com que tivessem que pedir para lhes lerem e escreverem as cartas. Chegaram a acontecer algumas situações engraçadas e outras nem tanto, porque quem escrevia, nem sempre punha nas cartas o que lhe era ditado. Houve rapazes que perderam as namoradas para quem lhes escrevia as cartas. Muitos pais davam como justificação de não deixarem as filhas irem à escola, o facto de assim não poderem escrever cartas aos namorados.
Quando se aproximava a data do casamento, os rapazes tinham que ir pedir a mão da rapariga aos futuros sogros, mais propriamente ao pai. Alguns mais envergonhados, ou que temessem não ser atendidos, chegavam a ir acompanhados por duas pessoas, amigos ou familiares.

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