terça-feira, 20 de novembro de 2012

Versinhos da D. Ada

Os lobos

Anabela era um mimo em formosura
a moça mais gentil de todo o monte.
Em certa noite fria e muito escura,
pegou na cantarinha e foi à fonte.
Ao regressar a casa, Anabela,
na ponte, junto à  azenha do moinho
viu três enormes lobos junto dela,
vedando-lhe a passagem e o caminho.
A camponesa  trémula deveras,
não tendo outra passada e outra saída,
passou medrosamente pelas feras.
Os lobos nem sequer se incomodaram,
nem o instinto mau se revelou.
Quem sabe se até mesmo murmurariam:
Que linda rapariga que passou!


Aquela azenha velhinha

Aquela azenha velhinha,
à margem da ribeirinha,
que por vales serpenteia!
Era uma tarde de inverno,
o céu parecia um inferno,
estavam os astros em guerra!
A ribeira mal continha,
a grande cheia que vinha
pela descente da serra.
E vendo a cheia subir,
o moleiro quis fugir,
levando o filho nos braços,
pela ponte carcomida,
já velhinha e ressequida,
a desfazer-se em pedaços.
Mas nisto a ponte quebrou-se
e  com o moleiro foi-se,
na cheia da ribeirinha,
levando o filho consigo
e nunca mais moeu trigo,
aquela azenha velhinha.






Sem comentários: