domingo, 18 de novembro de 2012

É bom viver contigo, Luísa

Poderia dizer que há quase oito anos que vivo comigo mesma, mas pensando bem, acho que não há tanto! Digo-o porque durante mais de três anos, eu não me via, apesar de todos os dias, como toda a gente passar frente ao espelho. Parava lá, olhava e ajeitava aquilo que nem via e seguia arrastada pela vida que não pára,  nem ao menos abranda o ritmo, não se compadecendo de quem não tem força para caminhar, apenas se arrasta. 
Nessa altura eu sobrevivia agarrada ao passado, amando à distância, sonhando sonhos que havia concretizado e outros que o tempo não deu tempo para que deixassem de ser sonhos.
Um dia em que como em tantos outros parei diante do espelho, fi-lo de olhar desperto e o que vi encheu-me de horror! Era eu!? Toquei uma a uma todas as marcas que tinham aparecido no meu rosto desde a última vez que o tinha visto. Olhei para o espelho com compaixão por mim mesma e chorei muito. Não sei onde fui buscar tantas lágrimas naquele dia! Parecia que estava a esgotar a  fonte de todas as dores. Quando elas se acabaram, fiquei ali, nem sei quanto tempo e comecei a falar comigo. Prometi a essa Luísa que estava na minha frente que ia ajudá-la, que ia salvá-la, que ia amá-la e protegê-la. 
Acho que nesse mesmo dia levei-a a passear a ver o mar e lá, voltei a falar-lhe, dizendo-lhe que jamais a deixaria sentir-se só e abandonada.
A partir daí ficámos inseparáveis, eu a protetora, ela a protegida!
E desde esse dia eu e ela desfrutamos das pequenas coisas da vida, um dia de cada vez, ou até mais momento a momento e vamos seguindo de mãos dados, a um só coração.
Quando a força fica menor, penso nela e contemplando as maravilhas da natureza, ou olhando dentro mim, encontro sempre alento para seguir adiante. Juntas vamos distribuindo amor e carinho, vamos colecionando amizades e vamos recebendo multiplicado tudo aquilo que damos.
Com ela estou em paz, de espírito tranquilo!
Se vou ficar sempre assim, apenas com ela? Não sei, mas também isso é secundário.
Hoje... Agora, ela basta-me e tudo aquilo que faço na sua companhia, faz-me sentir plena.

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