quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O lavar da roupa

Pelos dados que recolhi no Centro de Dia e no Lar de Colos, era idêntica a forma como era lavada a roupa antigamente.
Quando as raparigas completavam 12 ou 13 anos, muitas delas tomavam conta da roupa de toda a família, mas a partir dos 10 anos já algumas lavavam a roupa "miúda", meias, cuecas, peugos...
As que viviam em casa onde havia poço, habitualmente lavavam lá a roupa. As outras iam lavar ao barranco mais próximo, que mesmo assim por vezes ficava muito distante.
Neste caso, levavam a roupa numa alcofa à cabeça e levavam um cocharro de cortiça. Ao barranco lavavam a roupa de joelhos.
Quando lá chegavam molhavam e ensaboavam a roupa branca e punham  a corar ao Sol, nas ervas e iam  lavar a roupa escura e pôr a secar nos tojos ou outros arbustos que houvesse por perto.
A seguir lavavam  a roupa branca que punham também a secar. 
Enquanto lá estavam comiam um bocadinho de pão com um pouco de conduto que podia ser uma talhada de toucinho, ou um bocadinho de linguiça ou azeitonas.
Se o tempo estivesse bom, ficavam por lá o tempo necessário para trazer a roupa já seca. Caso não conseguissem, ao sol-posto voltavam para casa, com a roupa à cabeça. Iam quase sempre com algumas amigas e enquanto a roupa secava, conversavam, cantavam...
Algumas amigas falaram-me de um sabão que as mães faziam com borras de café e azeite.
Quem lavava ao poço contou-me acerca de um processo que usavam para a roupa branca. Chamava-se "barrela" e consistia em colocar a roupa branca dentro de um recipiente alto, de cortiça a que davam o nome de cortiço. Sobre a roupa punham um pano  e sobre isto colocavam cinza do lume. Depois deitavam água  a ferver que aqueciam num lume que faziam perto do poço.
Dizem que a barrela deixava a roupa muito branquinha. Há quem tenha continuado a usar este processo já depois de casada. 
Referiram que no período do racionamento, durante a 2ºguerra mundial, era muito complicado lavar a roupa, porque a quantidade de sabão que era vendida a cada família, era muito pequena. 
 



A D. Maria Emília explicou como se fazia a barrela no cortiço.

Sem comentários: