terça-feira, 28 de agosto de 2012

Versos da D. Beatriz Oliveira

Não tenho quem me domine
Estou na minha liberdade
Enquanto tiver juízo
Deixem-me andar à vontade!

Eu não tenho por quem mande
O meu bem é uma lembrança
Mandarei no meu sentido
Já a cabeça não alcança

Não cuides que só me lembro
Quando te vejo a meu lado
As saudades de longe
É que me têm matado!

Quando eu me assomo à porta
Lanço os olhos à verdura
Vejo bandear a erva
Meu amor se me afigura

Ora viva, para que viva
Quem agora aqui chegou
Eu estava para me ir embora
Agora já me não vou!

Não há luz que mate o sono
Nem flor como a urtiga
O meu gosto é ver-te sempre
Ainda que eu nada te diga!

Os beijos do pai são doces
E os da mãe mais doces são
Os beijos da minha amiga
Não têm comparação!

Oh meu amor, se eu pudesse
A toda a hora te estar vendo
Não vejo mas estou pensando
Sempre me estás entretendo!

Oh meu amor se eu pudesse
Falar contigo uma hora
Vejo que não pode ser
A alma do meu peito chora!

Estes versos foram recolhidos quando a D. Beatriz (à direita) tinha 96 anos. Esta senhora ficou impossibilitada de frequentar o Centro de Dia, após uma queda.

2 comentários:

susana disse...

obrigado pela homenagem :-) ela sabia tantos, todos na ponta da língua, agora a memória já vai falhando mas mesmo assim de vez em quando lá vai dizendo um ou outro.
Beijinhos e Parabéns pelo blog
Susana

dardemimluisa disse...

Eu é que me sinto honrada de ter podido conhecer e conviver com uma pessoa tão sábia. Tenho alguns até gravados. Beijinhos