terça-feira, 25 de setembro de 2018

A Oliveira

Há mais de um ano que observo um velho olival que foi podado!
Inicialmente só se viam os troncos despidos, mas com o tempo começaram a surgir pequenos ramos tenros e verdejantes, que se foram revestindo de pequenas folhas. 
Há dias passei por lá e observei com atenção. 
Umas mais, outras menos, mas as oliveiras apresentam-se lindas e frondosas. 
Passeei o olhar pela grande extensão e dei por uma que, pelo menos de longe, se mantinha completamente nua.
Pensei que teria sucumbido mas quis certificar-me se em seu redor não haveria o mínimo de sinal de vida.
Equilibrando-me entre ervas secas e torrões de terra, fui até ela. 
Contornei-a e dei com ela oca e  carbonizada. 
Talvez por pensarem que estava desprovida de vida, alguém teria feito do seu tronco, base para uma fogueira...
Mas quem assim pensou enganou-se, porque lá bem no fundo crepitava a força de viver e de tal forma era essa força que, apesar do seu estado, ramos corajosos já são bem visíveis em vários pontos,
Esta imagem trouxe-me uma grande lição de vida e de esperança, não de todo minha desconhecida!
Enquanto a parte viva que habita em nós, se mantiver cá dentro, podemos sempre resistir às adversidades que nos surgem no caminho, ou ao mal que nos queiram fazer.
Podemos ficar quase desfeitos, gastos, em ruínas, mas se conseguimos aceder à luz interior, há sempre esperança para nos reerguermos e ficarmos em condições de seguir adiante, cumprindo a missão que nos trouxe cá. 
Olhei para aquela árvore, ou meia árvore e sorri... Identifiquei-me com as suas mazelas, mas acima de tudo com a sua energia.... 
Cheirei o seu tronco, que supostamente teria o triste aroma de lenha queimada, mas inalei o mágico perfume da vida... E sem dúvida senti que ela era a oliveira mais forte de todo o olival... 
Saí de lá confiante que, com a energia que lhe adivinho e com o poder  da Mãe Natureza, daqui a um tempo, ela ainda chegará a ser um linda oliveira.... 

  





Sem comentários: