sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O meu despertar

Hoje acordei e senti vontade de olhar para dentro... Olhar lá bem fundo...
Há tempos que não o fazia. Embrenhada nos meus múltiplos afazeres e preenchida pelos momentos de partilha de afetos, não tenho tido oportunidade, ou talvez mais necessidade de olhar no fundo de mim, de me sentir, de sentir o funcionamento do meu corpo.
Hoje mal despertei e talvez porque algo deu sinal, entreguei-me a essa viagem que é sempre proveitosa.
Quando viajo através de mim, saio sempre reforçada e apaziguada.
Comecei por respirar fundo, como se isso me servisse de combustível para a minha caminhada.
Fui directa ao coração, que será sempre o centro da vida que corre em mim. Senti-o bater a um compasso um pouco mais acelerado que é habitual e senti que de um qualquer dos seus cantos vinha uma ligeira pontada, um não sei quê que o fazia bater assim, de um modo meio descompassado.
Soube que teria que fazer  a viagem de sempre, aquela viagem longa que por vezes é dolorosa. Há muito que perdi o medo de a fazer, porque sei que só olhando de frente as situações, tomando consciência delas e aceitando aquilo que é, podemos restaurar o equilíbrio e a paz.
Mais uma vez respirei fundo e fiz-me à jornada, vasculhando cada um dos múltiplos compartimentos do meu coração.
 A mente quis ajudar, mas eu já sei que ela só me confunde e decidi deixá-la de fora. Ela como sempre, só me sabe dizer : Eu não te dizia!
Durante tantos anos ela dominou-me, minando-me com o medo da perda.
- Não queiras, não te entregues! Um dia vais perder!
Hoje tenho consciência que tudo termina, mas decidi que não é por isso que não aceitarei as coisas e as pessoas enquanto tiver oportunidade de as ter por empréstimo, durante o tempo que Deus/a Vida permitir.
Olhando bem fundo, descobri, como aliás sempre acontece a causa do bater descompassado do meu coração e soube que mais uma vez a causa era mais do passado que do presente e isso veio reestabelecer parte do meu equilíbrio e da minha paz. 
A mente ainda me tentou repetir: Eu não te dizia!
Mas eu sorri-lhe, com um brilho húmido no olhar e disse-lhe: Não é  a mesma coisa, minha querida... É muito diferente, muito diferente... Não é perda... É só um até logo... um até daqui a um tempinho... :) 
Voltei a respirar fundo, agora sem dor e regressei ao mundo que me esperava cá fora, com uma imensidão de coisas belas para ver, ouvir e sentir, cheio de  gente que posso amar de um modo geral e de corações que amo de forma especial e com milhentas coisas que eu posso fazer, que me enchem o peito de alegria e amor.
Estas viagens que faço ao meu interior profundo são sempre abençoadas! :)

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