quinta-feira, 6 de março de 2014

Verdadeiro Amor

O Amor é o sentimento mais puro que pode brotar da alma humana.
Dizem que todos o temos, que somos feitos dele, que ele é a nossa essência, só que infelizmente em muitos ele está revestido de tantas capas e contracapas, que faz com que a insensibilidade, a maldade, o ódio, a ganância, reinem pelo mundo. Os governantes, vivem fora de si, provocando fome, dor e sofrimento nos seus povos. A Ambição anda à solta por este mundo de tanta inconsciência.
Diz-se que há vários tipos de Amor, mas eu julgo que quando é verdadeiro, ele é único, embora podendo apresentar-se nas suas variadas facetas.
O Amor Verdadeiro, é um sentimento onde não cabe o apego, nem a posse. É um sentimento em que se dá sem se ficar à espera de nada. Um sentimento em que não cabe a saudade que dói, porque aqueles que amamos estão sempre ao nosso lado, dentro do nosso coração. Sabê-los bem, já nos deve bastar.
Um dia li um trecho numa obra de Deepack Chopra (" A Sabedoria do Mago"), que me deixou a pensar. 
Um soldado ao serviço do rei Artur foi pedir-lhe para interceder em seu favor, pois estava perdido de amores por uma dama da corte. O Rei Artur perguntou-lhe se ele tinha mesmo a certeza se era Amor o que sentia pela dama em questão, ao que o soldado respondeu prontamente que sim.
Então o Rei mandou chamar um velha andrajosa e "feia" e pediu ao soldado que olhasse bem para ela e lhe dissesse se  sentia o mesmo por aquela velha, do que pela dama.
Claro que o soldado disse que não. Como poderia sentir o mesmo por uma velha feia e suja do que pela sua bela dama?
De seguida o Rei Artur, mandou que lhe trouxessem uma criança de colo. Pediu ao soldado que lhe pegasse e que a olhasse bem. De seguida fez-lhe  a mesma pergunta que lhe tinha feita em relação à velha.
O rapaz respondeu que embora a criança lhe tivesse despertado outras sensações, claro que não era o mesmo que sentia pela dama, sua amada.
Então o Rei Artur disse-lhe que o que ele sentia pela dama, não era o Verdadeiro Amor. Seria luxúria, desejo, mas não o Verdadeiro Amor. Mandou-o embora, dizendo-lhe que se algum dia ele olhasse a velha e a criança e sentisse o mesmo sentimento que quando olhava para a sua dama, voltasse a falar com ele, que aí intercederia por ele, junto da jovem dama.
Pode parecer estranho! Também não entendi no momento, mas o Verdadeiro Amor, é uma vontade suprema de dar atenção, carinho, protecção, que quando conseguimos dar, nos faz acender luzes no olhar, nos faz sentir uma alegria imensa no peito, vontade de sorrir e de rir. Tudo isto sem esperar nada em troca, mas quando vem, o nosso coração quase transborda. 
Dei-me conta de que apesar de ser uma obra de ficção, isto pode ser real. 
Quando pego pela mão das minhas velhotas, quando lhes ajeito o xaile nas costas ou nas pernas, quando as ajudo nos exercícios, segurando as pernas, ou os braços, sinto cá dentro uma alegria imensa que não distingo muito daquela que sinto quando abraço aqueles que sei que amo. 
Com isto descobri que tenho a capacidade de amar verdadeiramente, para além da forma, da condição e das outras coisas mundanas que ficam do lado de fora das pessoas e das coisas.
A par de tudo isto, poderão vir outras coisas, outras vontades, dependendo da faceta do Amor, mas se não houver isto, não será o sentimento no seu maior grau de infinita pureza. Será  apenas uma atracção, um desejo temporário, uma vontade de suprir uma falta, uma tentativa de encobrir a solidão... Será tudo, menos o Verdadeiro Amor.

Sem comentários: