domingo, 6 de outubro de 2013

Passeio pela Praia

Hoje fui visitar o meu amigo Mar!
Mas desta vez foi diferente da maior parte das visitas que lhe faço!
A grande maioria, chego até ele com o coração apertado de tristeza e dor e vou de mansinho, muitas vezes com a torneira da alma aberta, para que ele me ajude a fechá-la, para que ele me alivie a pressão que me comprime o peito.
Todavia hoje foi diferente!
Hoje cheguei até ele de sorriso aberto, de coração sereno e de alma liberta.
Ele como sempre estava encantador e era quase só meu. 
Certo que ele sempre me encanta, mas aprecio-o mais, quando não há muito ruído entre nós. Mesmo que eu raramente fale com ele sem ser através do pensamento, todo o ruído envolvente atrapalha a nossa comunicação.
Mas hoje não, havia silêncio, apenas quebrado pelos sons que lhe são característicos como o murmúrio das ondas a rebentar na praia e a música das aves que o sobrevoavam, no seu feliz e sereno esvoaçar.
Ele estava lá longe, deixando-me areal a perder de vista para percorrer e rochedos para contornar.
E eu ora caminhava, ora parava para me sentar e ficar a contemplá-lo. Mas logo me levantava e continuava  a caminhar, braços abertos à brisa, olhos erguidos, ora para ele ora para o céu e o pensamento perdia-se ora dentro de mim, ora percorrendo rostos e situações vividas, ora fixando uma a uma as belezas que me cercavam. 
A certo momento uma onda de alegria, liberdade, paz e felicidade inundou-me de tal forma, que fez verter lágrimas de emoção e foi aí que lhe falei a ele e à Vida, com palavras que me foram saindo boca fora:
-Obrigada por tantas bençãos! 
-Obrigada por ter olhos para ver e sentir tanta beleza! 
-Obrigada por este coração que me salta no peito e que ainda tem o poder de se encantar! 
-Obrigada pelo amor que não deixa de crescer no meu caminho! 
-Obrigada por ter tudo quanto preciso para viver sentindo-me de bem com a vida, sentindo-me segura.
-Obrigada por poder optar por um qualquer caminho, não por necessidade ou interesse, mas por escolha livre e responsável! 
-Obrigada por cada dia, cada hora, cada momento que me é concedido para aproveitar da melhor forma, para ser eu mesma, sem capas de protecção, sem medos, nem preconceitos.
E depois de tantos agradecimentos, as lágrimas que mesmo assim coabitaram sempre com o sorriso, secaram e eu desfrutei de cada momento, observando cada pormenor como se fosse a última oportunidade que a Vida me estivesse a dar.
Depois voltei a casa, ouvindo dentro do peito uma sinfonia de sininhos, a tocar uma doce e bela melodia. 


Sem comentários: