quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Trabalhos da D. Engrácia

A D. Engrácia escolheu para nos contar a seu dia-a-dia já depois de casada. 
Tinha 3 filhos, uma menina e dois meninos. Enquanto a mãe ia trabalhar, ou iam para a escola, ou ficavam em casa e alguma vizinha reparava por eles.
Levantava-se cedo, almoçava e dava o almoço aos filhos: café e pão com manteiga e ia para o campo. 
Costumava trabalhar 6 dias e tirava 1 para ficar em casa.
Nesse dia lavava a roupa e fazia pão. Amassava e deixava a massa a fermentar. Entretanto com o alguidar à cabeça, ia levar para o poço. Lavava parte da roupa e vinha para casa, acender o forno e tender o pão. Depois punha-o no forno e voltava ao poço para continuar a lavar a roupa. 
Nos dias em que ia para o campo, levava para o jantar num talego - um bocado de pão com um bocadinho de linguiça "metade de meia quarta de línguiça", que era aproximadamente 25g e 2 figos secos. Esse bocadinho de linguiça custava oito tostões. 
Normalmente voltava para casa com 1/2 h de sol, porque em vez de terem 1h para jantar, tinham apenas meia hora, para virem para casa mais cedo. Conta a D. Engrácia, que por vezes os manajeiros não davam ordem de pararem de trabalhar e chegavam a casa já quase à noite. 
Quando chegava a casa, acendia o lume e fazia sopa de tomate ou açorda, para a ceia.
O marido trabalhava fora, também no campo e só vinha no fim-de-semana, para mudar de roupa e levar o farnel para mais uma semana.
O marido da D. Engrácia fazia vários trabalhos, conforme a época do ano. No inverno trabalhava com uma parelha de bestas. Tirava cortiça no verão, limpava as árvores e os campos...
Quando vinha do trabalho, ao serão a D. Engrácia fazia meia, arranjava outras que precisassem e cosia a roupa dos filhos.
Quando não havia trabalho no campo para fazer, ficava em casa, remendava  roupa e fazia roupa para toda a família. 
Trabalhos que fazia no campo:
- Apanhava azeitona
-Mondava
- Cavava milho
- Apanhava tremoços, chícharos e grãos
- Ceifava
- Apanhava milho
- Desencamisava 

Vida muito dura, diz a D. Engrácia!




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