quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Viver

Viver já teve vários significados para mim!
Cada despertar de adolescente era cheio de sonhos e urgências.
Depois veio o despertar de mulher que vinha sempre embrulhado num abraço doce e carinhoso.
O despertar de mãe em que o abraço muitas vezes já tinha que ser apressado, pelos muitos afazeres que me esperavam a cada acordar e que me preenchiam os dias.
Mais tarde o despertar de mãe e filha, em que era aquele abraço primeiro que me dava a força para colocar os pés no chão e aceitar de forma impotente aquele sofrimento tão duro de presenciar. Mas nessa altura achava eu, pior despertar não viria!
Como estava enganada! A pior forma de despertar não conhecia eu! E essa chegou quando o abraço deixou de ser possível.
Viver tornou-se um tormento que iniciava a cada despertar vazio de abraços e carinhos para aplacar quando o adormecer chegava para me revitalizar a energia.
Entretanto viver foi-se tornando menos duro, depois mais suave, deixando de doer.
Hoje viver é bom, na maioria dos momentos. A cada acordar, digo bom dia ao meu amigo do céu. Depois falo comigo mesma e digo: Bom dia Luísa! Gosto muito de ti. És especial e quando não fazes tudo bem feito, é porque és humana, mas fazes o melhor que podes e sabes. A vida é maravilhosa, por isso o dia que agora começa, só te pode trazer coisas boas, porque tudo o que dás volta em maior intensidade. O teu mundo tem tudo aquilo que precisas. (Não digo isto por vaidade ou presunção, digo-o porque todos somos especiais e únicos e não nos devemos torturar quando cometemos erros, devemos sim tentar emendá-los)
Depois concentro-me no meu interior profundo e sinto uma estranha forma de alegria e felicidade, uma energia e um amor imenso. A seguir começo a visualizar as pessoas que são importantes para mim, a família, as amigas e amigos, as "minhas meninas de cabelos brancos", pessoas conhecidas que estão doentes... e ao pensar envio-lhes o meu amor e a minha energia positiva. Para as minhas velhotas envio-lhes o desejo de melhoras e também que, quando chegar o dia da grande viagem, elas não passem por sofrimento e partam em paz.
Quando termino fico tranquila, outras vezes emociono-me e choro.
Depois disto levanto-me, abro a janela e observo a natureza, com os olhos e com os ouvidos. Uns dias saio a dar o passeio matinal e noutros lanço-me na labuta normal, mas de forma serena, com alegria.
Hoje é bom viver! É bom acordar e é bom adormecer. Antes de adormecer passo o dia "a limpo" e vejo o que podia ter feito melhor, mas sem culpas e agradeço tudo o que me foi oferecido. Finalmente despeço-me de mim  e do meu amigo do céu.

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