sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Vencer a Dor da Ingratidão

 Pode haver quem lide bem com a ingratidão! Pode ser que não lhe abra no peito aquela chaga que dói e que faz abrir a fonte das lágrimas. Pode ser que em vez da tristeza, lhe cresça a raiva e consiga barafustar e não se deixe enredar pela angústia. E que fale tudo, que não deixe nada para dizer! Que se liberte, que não se angustie! Pode ser que haja pessoas assim. 
Mas eu não, não consigo dizer nada, o meu cérebro pára e o coração vai recebendo todas as palavras, todas as atitudes, todas as bofetadas sem mãos, mas que queimam mais a alma do que se fossem reais, me queimariam o rosto. 
Para segurar a angústia que se apodera do meu peito, fecho os olhos e medito, tentando ouvir o silêncio e tentando olhar dentro de mim, espreitando uma a uma as emoções que me fustigam. E como dificilmente se consegue por muito tempo ficar com o pensamento vazio, vou observando momentos antigos, de dores gémeas desta que sinto hoje e concluo que tenho que aprender a vencer a dor da ingratidão.
Então tento entrar no fundo da minha alma e aí busco a sabedoria que as leituras recentes me ajudaram a interiorizar e com toda a coragem, decido pôr em prática todas essas estratégias, todos os ensinamentos.
Medito, concentrando-me no meu interior profundo e quando abro os olhos, procuro ficar no "Agora", observando cada elemento que me rodeia, ouvindo cada som, sentindo cada aroma, vendo cada pessoa que por mim passa, olhando o céu e as aves que nele esvoaçam,respirando fundo, bem fundo... e abro-me à beleza da vida!
 A pouco e pouco, sinto o aperto do peito a dar lugar a uma leveza e sinto que de dentro me chega um sentimento estranho, um misto de alegria e felicidade. Quando vou observar o cantinho das emoções, também deixo de lá encontrar a angústia e a ansiedade e sinto que em todo esse espaço, reina uma doce paz. Depois observo o pensamento e se ele ainda se mantiver tagarela, eu com calma digo-lhe: obrigada por me quereres proteger dessa pessoa que me magoou, mas deixa lá, ela é assim, não sabe fazer melhor e eu não a posso julgar. Tenho que lhe perdoar e talvez libertá-la de vez da minha vida e com amor deixá-la partir, sem mágoas e sem raiva. Simplesmente em Paz! Enquanto isso, entretenho o pensamento a descobrir algo de positivo a retirar desta experiência de vida.

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