Ontem no Centro de Dia, eu e as "minhas meninas", estivemos a falar também nas idas à praia do tempo da sua juventude. Pedi que elas se lembrassem de coisas engraçadas, de peripécias que tivessem acontecido.
A D. Maria Antónia contou que a primeira vez que viu o mar tinha por volta dos seus 15anos, mas viu de longe. Foi num carro de besta, que ia cheio e foram ver uma avioneta que tinha caído em Milfontes. Nem chegou a molhar os pés.
Mais tarde, já casada, esta amiga foi então ao banho do 29, no Porto Côvo, com outras pessoas. Iam todos de burro e na comitiva ia um carro de besta (do Zé Cuco), que levava os sacos com a comida de toda a gente. Todos levavam roupa normal e tanto homens como mulheres só molhavam os pés, eles arregaçando as calças e elas as saias.
A D. Custódia contou-nos que quando estava a "servir", esteve 15 dias no Porto Côvo. Só ia à praia com os patrões, para os servir e nem molhava os pés. Até as patroas só iam "receber o ar do mar", porque de tarde iam para os "banhos quentes", que havia no Porto Côvo.
Vou ter que pesquisar sobre isto, mas pelo que a D. Custódia me contou, parece-me que eram banhos que faziam em banheiras, com água do mar aquecida, mas não tenho a certeza.
Depois de casada esta senhora diz que costumava alugar um quarto no Porto Côvo e aí já ia para a praia com a família e apenas molhava os pés, puxando a saia para cima.
A D. Maria Emília, contou-nos que a primeira vez que viu o mar, foi também no Porto Côvo, onde foi ao banho do 29. Foi com outras pessoas a pé, da Ribeira do Seissal ao Porto Côvo. Apenas molhou os pés. Depois ficaram lá na noite, para irem ao baile e dormiram debaixo das árvores.
Anos mais tarde, já casada, foi à praia da Ilha do Pessegueiro num carro de parelha com 2 burros, enfeitado com canas colocadas em arco, para poderem pôr um toldo. Conta que no caminho, um dos burros escorregou e claro, ficaram os dois estendidos. Tiveram que sair todos do carro e diz a nossa amiga, que foi uma "carga de trabalhos", para pôr tudo em condições de seguirem viagem. Mas no meio daquela trapalhada, foi uma grande animação. Deve ter sido mesmo, porque só de relatar este acontecimento, a D. Emília se divertiu imenso, bem como todas nós que estávamos a ouvir.
A D. Vitalina disse que viu o mar devia ter uns vinte anos aproximadamente. Como estava a "servir" em casa de uns senhores que tinham uma casa no Porto Côvo, foi caiar a casa e de lá via o mar. Diz que ficou muito admirada de ver assim tanta água. Contou-nos que ia buscar água doce a uma fonte, em que a água jorrava de um buraco e ela tirava-a com uma tigela.
Durante o tempo que estavam na praia costumavam apanhar caramujos(caracóis do mar), lapas, mexilhões...)
Recordo-me de a minha mãe contar de uma ida à praia a Milfontes, também em carro de parelha, em que no regresso, se partiu, ou saltou uma roda. O carro tombou e a minha mãe dizia que só ela tinha ficado lá em cima, as outras raparigas tinham caído, mas ninguém se aleijou. Depois tiveram que vir a pé o resto do caminho e chegaram a casa já de noite, mas no meio de grande risada, porque naquela altura era tudo gente animada.
Vou publicar uma foto que talvez seja também da minha primeira ida à praia, portanto deve ter uns cinquenta anos, pelo menos. Fui na "camioneta da carreira" com os meus pais e lá estivemos com um casal conhecido que tinha duas crianças. Como podem ver, estava tudo muito vestidinho, o que leva a crer que se alguma coisa foi molhada, também teriam sido apenas os pés. Já agora, eu sou a menina de chapeuzinho. A Praia era a do Farol.
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