Parece que uma eternidade já passou! Há tanto que
partiste! Há tanto que eu fiquei naquela encruzilhada, ladeada pelos caminhos
da dor, da tristeza, da angústia, da revolta e da negação. Tanto tempo já
passou e eu mantive-me lá, alimentando-me da raiva e do desalento. Dando passos
pequenos e mesmo assim recuando inúmeras vezes, voltando e esvaindo-me em dor e
em pesar.
Um dia cansei-me de tal encruzilhada e decidi
partir, seguir viagem.
A pouco e
pouco fui contornando alguns caminhos, deixando outros para trás. Quis ganhar
força e encetar a viagem de regresso à vida. Viagem que sabia ser longa. Viagem
para a qual a coragem e a força tantas vezes me faltaram. Viagem penosa e
sangrenta, onde tantas vezes caí, ficando demasiado tempo à espera da força e
da coragem para me erguer de novo e voltar a caminhar. Viagem de dor e
tormenta, em que me valeu esta força, que estou ciente me vinha de ti.
Quando a dor agudizava e a esperança de alcançar a
paz sucumbia, sentia que as tuas asas invisíveis me abraçavam, aliviando-me
aquela dor que ameaçava rasgar-me até às entranhas.
Depois de tantas quedas, de tantos avanços e recuos,
eis que cheguei até onde, embora longe, consigo descortinar a luz da vida.
(texto escrito em maio de 2008)
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