Hoje vou escrever-te mais uma carta!
Será uma das muitas que te tenho escrito desde que partiste... Têm sido
tantas! Escrevo-as sempre que deixa de me chegar falar contigo em pensamento,
ou quando o que te quero dizer é demasiado importante... Escrevo-as em momentos
de tristeza e desespero, em momentos de dúvida e também em momentos de alegria!
Andam à volta das quatrocentas... Não as materializo, como já é impossível
materializar algo entre nós...
Já te escrevi quase todos os dias, mas hoje escrevo-te de vez em quando. Não
porque te tenha esquecido, porque estou certa que nem um dia passou, sem que alguma coisa me fizesse recordar-te.
Hoje recordo-te já sem dor, uns dias com alegria, outros com mais tristeza,
uns com uma saudade mais leve, outros, como agora, com ela a pesar-me no
peito.Escrevo-te a contar coisas que embora acredite que estejas a ver, quero ser eu a dizer-tas. Até hoje nada de importante que aconteceu na minha vida, deixei que não fosses o primeiro a saber. Todas as minhas dúvidas foram partilhadas contigo e as decisões que tomei foram aquelas que depreendi do resultado das “nossas conversas”.
Mas hoje vou escrever-te uma daquelas cartas, bem grandes, parecidas às do
nosso namoro, em que tu dizias que levavas imenso tempo a ler, porque gostavas
de lê-las várias vezes, por as achares tão lindas...
Vou dizer-te coisas que só a nós interessam, sobre mim, sobre os frutos do
nosso amor e aqueles que chegaram depois, para lhes iluminar o coração e sobre
aquele que te faria abrir a fonte da emoção a cada vez que o olhasses ou pegasses
– o nosso netinho.
Vou dizer-te muitas coisas, mas a principal será que o trono maior do meu
coração será sempre teu, mesmo que porventura a coroa real volte a ser usada…
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