Mais uma vez decidi abrir aqui um cantinho de mim, com o intuito de mostrar que sempre é possível ultrapassar barreiras e vencer medos.
A maior parte das barreiras têm a ver com falta de auto-estima e quase todos os medos, não são reais, são psicológicos e estão ligados a traumas da infância, ou segundo alguns pensadores, de vidas passadas.
Medo real é aquele que sentimos no exacto momento em que alguma coisa que nos assusta está a acontecer, tal como acontece com os animais. Se eu correr atrás de um animal para o apanhar, ele corre assustado. Se for na rua e alguém me perseguir, ou se um carro vier na minha direcção, eu assusto-me e sinto medo. Esse é o verdadeiro medo. Mas se eu deixar de sair com medo de ser perseguida ou se deixar de conduzir com medo de outro carro vir na minha direcção, esse medo não é real, vem da mente.
Durante imensos anos a minha auto-estima andou por baixo e eu considerava-me tão pouco que só acreditei que um dia alguém ia amar-me, quando uma rapariga que até aos meus olhos era ainda menos dotada de beleza que eu, se casou...
Só consegui acreditar que seria capaz de tirar a carta de condução, porque um rapaz que eu achava que tinha um nível de inteligência ainda menor que o meu, o tinha conseguido.
Para ultrapassar parte dos meus medos e para me fazer acreditar que eu tinha qualidades tive ao meu lado o meu companheiro de uma vida, que sempre sabia qual o botão certo a apertar para me trazer à realidade. Não sei como, mas ele tinha uma técnica infalível para me trazer à tona da água.
Digo isto, porque para superarmos os nossos medos, vencermos as nossas barreiras, é importante que alguém nos dê a mão e nos faça ver aquilo que sozinhos não somos capazes, no entanto a força tem que vir de nós.
Assim fui a pouco e pouco ganhando alguma confiança, apesar da insegurança se manter em algumas situações.
Destas destaco a condução, ou mais propriamente o medo de me perder. Este medo tem sido difícil de superar. Acredito que não seja apenas uma batalha a vencer, mas uma guerra. Mas estou pronta para travar as batalhas que forem necessárias. Não vou pensar no final, vou focar-me em cada batalha e vou orgulhar-me com cada vitória.
Ultimamente algumas situações de vida têm-me empurrado para novos desafios neste sentido e eu não tenho fugido a nenhum.
Já descobri que basta silenciar a mente que me assusta e ficar completamente presente para tudo ficar mais fácil. Como o meu marido dizia: as estradas têm placas!
Como a minha filha costuma dizer: as coisas estão preparadas para pessoas normais e não para super-cérebros...
Outra técnica que uso é falar comigo mesma: Luisinha, vai ser fácil. Fica atenta, só tens que usar a tua inteligência. Vai tudo correr bem! Por que não há-de correr? Tu não fazes mal a ninguém, a Vida está do teu lado... (Gosto de me chamar de Luisinha. Desta forma falo com a criança amedrontada que está lá dentro)
Com isto acalmo-me e vou conseguindo chegar ao meu destino. No final a alegria que sinto pela prova superada é enorme.
Há tempos tentei descobrir a origem deste medo, pois esse é meio caminho andado para a cura.
Recuei no tempo e lembrei-me de uma Luísa sem medos, confiante, alegre...
Recordei depois algumas situações traumáticas na minha infância em que andei perdida por mais que uma vez e se for ainda mais atrás, há a situação que não me posso recordar, mas deve ter ficado registada dentro de mim, o facto de ter ficado privada do conforto materno entre os 5 dias de idade e os 4 meses.
Também na minha pré-adolescência me fizeram acreditar que eu não tinha qualidades, apenas defeitos. Senti-me posta de parte...
Recordo a ansiedade que se apoderava de mim sempre que tinha que falar para um grupo de pessoas, a boca secava e a minha voz soava longe, como se não fosse eu que estivesse a falar... Prejudiquei-me nos estudos pelo medo de falar, porque achava que o que ia dizer seria um disparate...
Para agradar aos outros cheguei a representar um papel que ficava para além daquilo que eu sentia ou pensava...
Julgo que estas são razões mais que suficientes para o medo de me ver perdida e abandonada e a falta de auto-estima que me perseguiu durante muitos anos.
Olhando para dentro, sinto que as maiores barreiras foram demolidas. Restam alguns muros que irei transpondo a pouco e pouco, quando for necessário, com calma, sem pressões.
Hoje gosto de ser como sou, apesar de querer muito vencer os medos que ainda me atentam. Deixei de me sentir obrigada a agradar aos outros e só faço aquilo que o coração me dita.
Sinto que sou abençoada pela Vida que me deu as armas para travar as batalhas necessárias e tenho do meu lado pessoas que me incentivam e mostram apreciar a minha forma de ser e de estar.
Tive também a benção do meu coração se voltar a abrir para alguém que valoriza e acredita na minha força e na minha coragem e me estimula para que enfrente todos os desafios.